sábado, 23 de setembro de 2017

Depressão


Richard Simonetti
1 –  Fala-se que a depressão é o mal do século. Estamos diante de um distúrbio próprio dos tempos atuais, uma síndrome da modernidade?
      Mais apropriado considerar que é um mal antigo com nome novo. Se falarmos em melancolia, perceberemos que ela sempre esteve presente na vida humana. Os melancólicos de ontem são os deprimidos de hoje. Hipócrates (460 a.C-370 a.C.) definia assim a melancolia: Uma afecção sem febre, na qual o Espírito, triste, permanece sem razão fixado em uma mesma ideia, constantemente abatido. É mais ou menos isso o que sente o indivíduo em depressão, com a impressão de que a vida perdeu a graça.

2 –  A origem é espiritual ou se trata de problema físico?
      É o caso da galinha e do ovo. Quem nasceu primeiro? A depressão pode ser consequência de influências espirituais, tanto quanto uma obsessão pode instalar-se a partir da vulnerabilidade provocada pela depressão. As duas causas confundem-se.

3 –  O tratamento espiritual no Centro Espírita ajuda?
      Sem dúvida. Considerando que sempre há um componente espiritual na origem ou na consequência da depressão, recursos como o passe magnético, as sessões de desobsessão, a água magnetizada, são extremamente eficientes.

4 –  E quanto ao tratamento médico?
      É indispensável. A medicação da Terra trata do aspecto físico do problema. A medicação do Céu trata do aspecto espiritual. Os médicos são agentes de Deus em favor da saúde humana, ainda que nem sempre tenham consciência disso, nem se comportem como tais.

5 –  Seu livro “Depressão, uma história de superação”, um estudo amplo sobre o assunto, é um romance. O que o levou a optar por esse gênero literário?
      Paciente com depressão experimenta dificuldade para concentrar a atenção numa leitura. O romance, tendo fio narrativo sustentado por uma história, exige menor esforço mental. Por outro lado, é sempre atraente para quem tem o problema, porquanto permite uma associação com o drama vivido pelo personagem.

6 – Funciona como tratamento para a depressão?
      Eu diria um coadjuvante, já que não podemos tratar de depressão apenas com leituras. Não obstante, há no livro esclarecimentos oportunos sobre o assunto e um roteiro existencial inspirado na Doutrina Espírita.

7 –  O subtítulo, uma história de superação, significa que o enredo gira em torno de um paciente que venceu a depressão. É alguém especial, com disposição para vencer o mal?
      Pessoas especiais, Espíritos iluminados, não sofrem desse mal. O livro narra a trajetória de um médico, alguém que, aparentemente, jamais deveria experimentar a depressão, em face dos recursos à sua disposição como profissional de saúde. Esse conceito é equivocado. Não há nenhuma raça, profissão ou posição social que nos isente. A árdua jornada desse homem em busca da cura, extrapolando as fronteiras da Medicina, exemplifica que é possível vencê-la. Depende do paciente.
                     
8 –  Disseminam-se no meio espírita técnicas magnéticas específicas para tratamento da depressão? O que dizer a respeito?
      São eficientes, desde que os pacientes estejam informados de que se trata de um tratamento de superfície, cuida de sintomas. Como ensinava Jesus, todos os males procedem do coração, sustentados por nossa maneira de pensar e agir. Imperioso seja o tratamento magnético complementado com orientações doutrinárias, em palestras, cursos, livros, oferecendo-se aos pacientes subsídios para a cura definitiva, a partir de sincero trabalho de renovação, à luz do Evangelho.

Richard Simonetti

domingo, 10 de setembro de 2017

No mundo maior

Aylton Paiva
“Dos quatro cantos da Terra diariamente partem viajores humanos, aos milhares, demandando o país da Morte. Vão-se de ilustres centros da cultura europeia, de tumultuarias cidades americanas, de velhos círculos asiáticos, de ásperos climas africanos.
Procedem das metrópoles, das vilas, dos campos...” (1) Pg. 1 do Prefácio
Com essas palavras inicia Emmanuel suas considerações sobre a questão do ser humano após a morte e os enigmas que a envolvem em todos os quadrantes do mundo físico e do mundo espiritual, que serão analisados por André Luiz, em mais um de seus cursos de aprendizagem teórica e prática na interação dos chamados: “vivos” e os impropriamente denominados “mortos”.
Ao lado do Assistente Calderaro deveria prestar socorro a espíritos em perturbação e desequilíbrio seja no plano físico quanto na dimensão espiritual.
Relata, ele: “O Assistente a seu turno, prestava serviço ativo na própria Crosta da Terra, a atender, de modo direto, aos irmãos encarnados.
Especializara-se na ciência do socorro espiritual, naquela que, entre os estudiosos do mundo, poderíamos chamar de “psiquiatria iluminada”, setor de realizações que há muito tempo me seduzia.” (2) pg. 15
Nesse maravilhoso trabalho de ação e estudo André Luiz penetrará os admiráveis labirintos do cérebro humano, não só em seu aspecto material, como, também, no aspecto espiritual.
Ao observar o cérebro sob a ótica espiritual, esclarece Calderaro: “No sistema nervoso, temos o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes; figuremo-lo como sendo o portão da individualidade, onde arquivamos todas as experiências e registramos os menores fatos da vida. Na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontal e os nervos, temos o cérebro desenvolvido, consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do nosso modo de ser.
Nos planos dos lobos frontais, silenciosos ainda para a investigação cientifica do mundo jazem materiais de ordem sublime, que conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre de nosso organismo divino em evolução”. (1) pág. 46
Todavia, esses estudos não são apenas teóricos, porém se ligam a ações socorristas que são prestadas a encarnados e espíritos que se encontram em estados mentais, emocionais e espirituais de profundo desequilíbrio.
Analisando e auxiliando um processo de vingança espiritual em que a vítima, ex-empregado, assassinou o patrão, que lhe fora verdadeiro pai, desviando razoável fortuna em dinheiro, porém deixando intacto outro tanto.
Comportou-se como filho profundamente chocado com o latrocínio, amparando a viúva e tomando as necessárias providências para o momento.
Após algum tempo encaminha-se para oura grande cidade, aplica com propriedade a pequena fortuna de que se apropriará e, materialmente, vive bem a sua vida.
Obviamente, o ladrão nunca foi identificado, todavia do mundo espiritual a vitima, movida pelo ódio e desejo de vingança, tornar-se-ia o verdugo implacável objetivando levar o “filho adotivo” à loucura.
Esse doloroso drama que se projeta da esfera física para a dimensão espiritual encontra a solução não só no conhecimento profundo de Calderaro, como conta, também, com o amor irresistível espírito irmã Cipriana que desata o pesado elo de ódio e vingança entre ambos.
André Luiz nos conduz a outros dolorosos dramas calcados no desequilíbrio sexual, no labirinto da esquizofrenia, na psicose afetiva, na alienação mental em suas múltiplas manifestações.
Todavia, acima dessas inquietações sobrepaira a ação dos emissários do Amor colimando a solução justa, emoldurada pela prece de irmã Cipriana: “Senhor Jesus / Permanente inspiração de nossos caminhos / Abre-nos, por misericórdia / Como sempre / As portas excelsas / De tua providência incomensurável ...” (1) pág. 250.
André termina mais uma missão de sabedoria e amor e caminhando com ele, pelas páginas do seu relato, compreenderemos melhor a Vida e como vivê-la.

Bibliografia:
1 – No Mundo Maior, André Luiz/F. C. Xavier, Ed. FEB.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).


Obs.: Artigo publicado em 13/01/2012, no Jornal Correio de Lins