Aylton Paiva |
Uma
pessoa trouxe-me um belo texto em palavras, imagens e músicas colhido na
internet e pediu-me para analisar.
Já
o havia feito. De novo frases e comportamento.
Reitero
as reflexões daquela época.
Às
vezes pretendem oferecer lições assim: “Que a sua mente tenha a tranquilidade
da superfície do lago sereno”.
Ora,
a frase pode ser bonita e até poética, mas não resolveremos nossos problemas
humanos comparando a “tranquilidade” da nossa mente com a “superfície do lago
sereno”, pois a água estará tranquila enquanto nada tocar a sua superfície e .
. . a água parada apresentará um “lago tranquilo”.
Nossa
mente reflete palavras, imagens, sons, ideias, situações concretas da vida
diária produzindo sentimentos e emoções que se refletem em nosso psiquismo de
forma mais ou menos intensa, gerando alegria, tristeza, tranquilidade, medo e
outros estados emocionais que repercutem em nosso corpo e em nosso
comportamento.
Comecei
a analisar as frases que ela trazia em um folheto:
Diminua as próprias
necessidades e aumente as suas concessões.
Depende
que tipo de necessidade, pois o próprio nome indica: necessidade.
Não
está em consideração o supérfluo. Todos temos a imperiosidade de atender às
nossas necessidades.
Aumentar
as concessões também merece reflexão, pois seja a quem for e o que for
precisamos saber se a concessão que estamos dando efetivamente vai ajudar a
pessoa ou a ela poderá, simplesmente, estar nos explorando.
Intensifique o seu
trabalho e reduza as quotas de tempo inaproveitado.
Depende
das condições físicas, psicológicas e de tempo para que a pessoa possa
intensificar o seu trabalho e aumentar o seu tempo de serviço, pois,
atualmente, sabe-se que uma pessoa com excesso de trabalho pode entrar em
estresse, que é um transtorno mental e emocional muito doloroso.
Eleve as ideias e
reprima os impulsos.
Sem
dúvida, elevar as ideias no sentido nobre e elevado da justiça e do amor é
muito importante para ela e para as pessoas que recebem a sua influência, mas
simplesmente reprimir impulsos é algo que precisa ser ponderado. Os impulsos
são essenciais à nossa vida para a saciedade ou “matar” a fome, a sede, a
carência sexual e tantos outros.
O
que é necessário é compreender e controlar os impulsos, limitando-os quando
excederem a normalidade.
Julgue a você mesmo
e desculpe indistintamente.
É
evidente que todos precisamos da autoanálise e do julgamento dos nossos atos,
se foram bons ou foram maus.
Se
não foram bons o que deveremos fazer para corrigi-los ou reparar o mal que
tenham feito. Essa é a conduta adequada e dentro da ética cristã e espírita.
Desculpar
indistintamente... precisa ser convenientemente compreendida.
Desculpar
é excluir a culpa, ora se uma pessoa fez algo ruim, mau ela gerou, com o seu
comportamento, uma culpa. Essa culpa pode ser social ou mesmo se inserir na
esfera penal e criminal e, sem dúvida, as condutas antissociais, anticristãs
precisam ser devidamente reparadas através do esclarecimento, da educação e, se
necessário, da repressão.
O
que não podemos é manter pensamentos de ódio, de rancor, de vingança para com
aquele que nos tenha prejudicado ou ofendido, mas a pessoa má deve ser contida,
orientada e educada na extensão de que isso se faça necessário.
O
jovem que acompanhava a análise concluiu:
-
Então aceitar ou decorar essas frases não é ter a chave da boa conduta, de
forma absoluta?
- Já diziam os Mentores Espirituais a Kardec: “Fé
inabalável só o é aquela que pode encarar a razão face a face em qualquer época
da humanidade”.
O pensamento religioso não pode declinar da
racionalidade, para que não se converta em fanatismo individual e/ou coletivo,
que só têm trazido malefício à Humanidade.
Aylton
Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na
sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.:
Artigo publicado em 06/05/2011, no Jornal Correio de Lins