terça-feira, 27 de setembro de 2016

De novo: frases e comportamento

Aylton Paiva
Uma pessoa trouxe-me um belo texto em palavras, imagens e músicas colhido na internet e pediu-me para analisar.
Já o havia feito. De novo frases e comportamento.
Reitero as reflexões daquela época.
Às vezes pretendem oferecer lições assim: “Que a sua mente tenha a tranquilidade da superfície do lago sereno”.
Ora, a frase pode ser bonita e até poética, mas não resolveremos nossos problemas humanos comparando a “tranquilidade” da nossa mente com a “superfície do lago sereno”, pois a água estará tranquila enquanto nada tocar a sua superfície e . . . a água parada apresentará um “lago tranquilo”.
Nossa mente reflete palavras, imagens, sons, ideias, situações concretas da vida diária produzindo sentimentos e emoções que se refletem em nosso psiquismo de forma mais ou menos intensa, gerando alegria, tristeza, tranquilidade, medo e outros estados emocionais que repercutem em nosso corpo e em nosso comportamento.
Comecei a analisar as frases que ela trazia em um folheto:
Diminua as próprias necessidades e aumente as suas concessões.
Depende que tipo de necessidade, pois o próprio nome indica: necessidade.
Não está em consideração o supérfluo. Todos temos a imperiosidade de atender às nossas necessidades.
Aumentar as concessões também merece reflexão, pois seja a quem for e o que for precisamos saber se a concessão que estamos dando efetivamente vai ajudar a pessoa ou a ela poderá, simplesmente, estar nos explorando.
Intensifique o seu trabalho e reduza as quotas de tempo inaproveitado.
Depende das condições físicas, psicológicas e de tempo para que a pessoa possa intensificar o seu trabalho e aumentar o seu tempo de serviço, pois, atualmente, sabe-se que uma pessoa com excesso de trabalho pode entrar em estresse, que é um transtorno mental e emocional muito doloroso.
Eleve as ideias e reprima os impulsos.
Sem dúvida, elevar as ideias no sentido nobre e elevado da justiça e do amor é muito importante para ela e para as pessoas que recebem a sua influência, mas simplesmente reprimir impulsos é algo que precisa ser ponderado. Os impulsos são essenciais à nossa vida para a saciedade ou “matar” a fome, a sede, a carência sexual e tantos outros.
O que é necessário é compreender e controlar os impulsos, limitando-os quando excederem a normalidade.
Julgue a você mesmo e desculpe indistintamente.
É evidente que todos precisamos da autoanálise e do julgamento dos nossos atos, se foram bons ou foram maus.
Se não foram bons o que deveremos fazer para corrigi-los ou reparar o mal que tenham feito. Essa é a conduta adequada e dentro da ética cristã e espírita.
Desculpar indistintamente... precisa ser convenientemente compreendida.
Desculpar é excluir a culpa, ora se uma pessoa fez algo ruim, mau ela gerou, com o seu comportamento, uma culpa. Essa culpa pode ser social ou mesmo se inserir na esfera penal e criminal e, sem dúvida, as condutas antissociais, anticristãs precisam ser devidamente reparadas através do esclarecimento, da educação e, se necessário, da repressão.
O que não podemos é manter pensamentos de ódio, de rancor, de vingança para com aquele que nos tenha prejudicado ou ofendido, mas a pessoa má deve ser contida, orientada e educada na extensão de que isso se faça necessário.
O jovem que acompanhava a análise concluiu:
- Então aceitar ou decorar essas frases não é ter a chave da boa conduta, de forma absoluta?
- Já diziam os Mentores Espirituais a Kardec: “Fé inabalável só o é aquela que pode encarar a razão face a face em qualquer época da humanidade”.
O pensamento religioso não pode declinar da racionalidade, para que não se converta em fanatismo individual e/ou coletivo, que só têm trazido malefício à Humanidade.
Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 06/05/2011, no Jornal Correio de Lins

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