O
conhecido filósofo francês Descartes propôs, na base de toda sua digressão
filosófica, o que ficou conhecido como cogito: “penso, logo existo”. De fato
não dá para conceber o homem sem considerar essa premissa. O pensar é um
atributo construído ao longo da evolução do homem no planeta. A medicina
denomina de vida vegetativa, a incapacidade de algumas pessoas no uso desse
recurso. Contudo, mesmo sendo atributo do indivíduo o pensar tem uma construção
social. Se de um lado, o pensar é atributo do indivíduo em termos de herança
genética, o conteúdo do pensar é socialmente construído. Esse segundo aspecto é
o que se chama de ideologia. Por exemplo, aceitar ou negar a ideia de um
Criador é ideologia. Faz parte também das diferentes ideologias os atributos
dados a esse Criador. O que se pretende dizer é que o conteúdo do pensar, o que
e sobre o que se pensa é socialmente derivado.
Nosso
primeiro grupo social é a família nuclear, formada por pais, filhos e avós,
depois a família expandida, que inclui os tios e primos. O nosso segundo grupo
social é a vizinhança e a escola. Esses grupos são chamados de “nichos
ecológicos” e têm uma enorme influencia sobre nosso desenvolvimento e sobre o
que pensamos. Também, nossa adesão a uma filosofia ou mesmo a uma religião
depende e, muito, de nossa ideologia. Nesse sentido, muita gente mantém a
tradição religiosa de sua família e, ultrapassar esse controle exercido pode
ser difícil. Entretanto, há os que conseguem superar a ideologia familiar
rompendo ou superando tal controle. Na maioria das vezes isso ocorre quando a
pessoa se filia a outros grupos que os apoiam em suas decisões.
Em
um grupo social, mesmo bastante homogêneo não significa a ausência de conflitos
ideológicos e isso quando aceito dentro da convivência civilizada e saudável
pode ser bastante positivo para todos. Tais conflitos superam o marasmo, a
mesmice e produzem um maior dinamismo no conjunto, nos diferentes subgrupos e
em cada um isoladamente.
O
que pensamos, ou seja, o conteúdo do nosso pensamento revela quem são nossos
companheiros ou as afinidades que temos, sejam estes encarnados ou
desencarnados. Falando nisso, caro leitor, o que nós, eu e você temos pensado
ultimamente?
Almir
Del Prette/São Carlos, SEOB