Aylton Paiva |
Conversávamos
a respeito de fé.
O
tema fundamental havia sido o relato do evangelista Mateus, conforme consta do
Cap. XVII, vv. 14 a 20.
A
ênfase fora dada à frase: “Pois em verdade vos digo, se tivéssemos a fé do
tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te dai para
ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível”.
-
Jesus.
Em
seguida comentara-se a reflexão de Kardec: “No sentido próprio, é certo que a confiança
nas suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que
não consegue fazer quem duvida de si. Aqui, porém, unicamente no sentido moral
se devem entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as
dificuldades, as resistências, a má vontade, em suma, com que se depara parte
dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da
rotina. O interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões
orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho de quem trabalha
pelo progresso da Humanidade”. (1)
-
Pois é, interrompeu Alípio, nesse sentido mais amplo dá para entender; no
entanto, no dia a dia, como é difícil exercitar essa “tal de fé”.
Tenho,
aqui, um texto sobre a fé, a rogativa e resultado muito interessante para
nossas reflexões – prorrompeu Miguel – posso lê-lo?
Todos assentiram.
- É um texto de Emmanuel/Chico Xavier. Diz assim:
“Em matéria de fé não te esqueças do esforço na
realização que te propões a alcançar.
O lavrador confia na colheita, mas, para isso, não
menospreza o próprio suor no arado laborioso, permanecendo em atenciosa
vigília, desde os problemas da sementeira às equações do celeiro.
O arquiteto conta materializar a construção que lhe
nasce do gênio criativo, porém, para atingi-la, vela pela segurança da obra,
desde a base ao teto, consciente de que insignificante erro de cálculo lhe
comprometeria o serviço integral.
O professor conhece os méritos da escola, mas não
ignora a necessidade da própria renuncia na formação cultural do discípulo,
permanecendo na tarefa assistencial em favor dele, desde o alfabeto ao título
de competência.
O operário espera o vencimento mensal que lhe
assegura a subsistência, no entanto, sabe que não pode relaxar os próprios
deveres, a fim de que a supervisão do trabalho, não o exonere ou prejudique.
Fé que apenas brilhe na palavra vazia ou fé
parasitária que somente se equilibra pela influência alheia, nutrindo-se tão
somente de promessas brilhantes e relegando a outrem as obrigações que a vida
lhe assinala, serão sempre atitudes superficiais daqueles que se infantilizam à
frente das responsabilidades que o senhor confere a cada um de nós.
Aceitemos o imperativo de nossa própria renovações
com o Cristo, se realmente buscarmos um clima de elevação à própria existência.
Tracemos nosso ideal superior, utilizando nossas
melhores esperanças, todavia, não nos esqueçamos de transpirar no esforço
próprio, doando nossas forças na edificação, que prendemos buscar, porque a fé
em si constitui dinamismo atuante de nossas energias, condicionado à forma e à
natureza de nossas orações ou de nossos desejos, impondo-nos, inevitavelmente,
o resultado das ações que nos são próprias, seja na luz redentora do bem ou na
treva escravizante do mal”. (2)
-
Vejam bem, - atalhou Ismael – as reflexões de Emmanuel nos demonstram que a fé
pede convicção e ação para atingirmos os objetivos estabelecidos e dentro da
razoabilidade.
A
fé não pode ser cega, nem exaltação de fanatismo, mas “dinamismo atuante de
nossas energias” na realização do nosso bem, tanto quanto, no bem do nosso
semelhante.
Todos
concordamos.
A
reunião terminou e cada um foi para seu lar “ruminando” aquelas ideias.
Bibliografia:
(1)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Editora FEB
(2)
Fé, Paz, Amor, Emmanuel/Chico Xavier – Editora GEEM.
Aylton
Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na
sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.:
Artigo publicado em 03/06/2011, no Jornal Correio de Lins