domingo, 9 de outubro de 2016

O que fazer com a cólera


Aylton Paiva
“Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”. Jesus (Mateus, cap. 5, v. 5).
Esta frase é atribuída a Jesus como exortação para que as pessoas busquem a vivência da mansuetude, da brandura, da paz, da docilidade.
Naturalmente elas se contrapõem à irritação, á raiva, à cólera, á violência, que decorrem do estado de frustração, de contrariedade.
Allan Kardec comenta, na análise desse versículo: “Por está máxima, Jesus faz da brandura, da moderação, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IX, item 4 – Ed. FEB).
Não há dúvida que ante contrariedades e frustrações deixamos nos envolver por estados emocionais de desequilíbrio manifestando-se então, em nosso comportamento a agressividade, a irritação e a até mesmo a cólera.
No entanto, temos que entender que essa reação é uma força instintiva. Ela está em nosso psiquismo até mesmo como um instrumento de preservação da espécie e da coletividade.
É uma força de proteção, todavia exteriorizada em intensidade maior e de forma descontrolada pode gerar males de graves consequências para nós e para o alvo dessa força instintiva.
Há energias que, em si mesmas, são neutras: podem fazer o bem ou o mal.
A energia elétrica que move aparelhos como a geladeira e o aparelho de televisão é a mesma que na cadeira elétrica aplicada ao condenado leva-o, em instantes, à morte.
Procuremos, então, entender essa força instintiva, dominá-la e aplica-la para o nosso bem.
Para conhecê-la vamos nos propor algumas questões a respondê-las com sinceridade:
- Quais as situações que me deixam irritado, irado ou até com cólera?
- Os meus momentos desses estados emocionais são gerados por simples episódios do dia a dia?
- Quando estou com raiva, encolerizado, extravaso essa emoção com violência?
- Ou quando sinto irritação, raiva, cólera, “engulo” essas emoções?
- Quando irritado ou encolerizado arrumo justificativas para não reagir exteriormente?
- Após alguns momentos em que vivi tais intensas emoções descontroladas acho que minhas reações foram proporcionais aos fatos ou acontecimentos que a desencadearam?
- Após “minhas explosões” arrependo-me do que falei e fiz?
- Tenho desejo de modificar meu comportamento?
As respostas a essas indagações poderão nos dar uma “radiografia” da intensidade e da qualidade das nossas reações em momentos de contrariedade e frustração.
Lembremos que, em certas situações, a reação é necessária e até mesmo saudável, principalmente quando a reação pode ser entendida como indignação e defesa de nossos direitos individuais e coletivos.
Precisamos ter alguns mecanismos que nos ajudem a “domar a cólera” para transformá-la em força emocional e psíquica que nos auxilie.
Todos já lemos em para-choque de caminhões ou mesmo em vidros trazeiros de carros: “Tá nervoso, vá pescar!”. De fato, ajuda.
Todavia, nem sempre é possível ir pescar. Nunca pescou, não sabe pescar ou ... não tem rio por perto.
Há, então, outras dicas: Sai do cenário e vai dar uma volta: homens para o cafezinho e mulheres ver vitrines de loja! (deixa a carteira e o cartão em casa).
Arrumar uma gaveta ou armário.
Ouvir uma música que tranquilize o “animo”, uns com Ave Maria, de Gounod; outros com sertanejo ou rock. Enfim, cada um na sua.
Se não der para fazer nada disso, encha a boca com água e conte de um a dez ou até mil, conforme a necessidade.
Se precisar faça tudo isso e ... ore!
O importante é: não se envenene com a cólera, nem envenene o seu próximo.
Vale aquela frase: “Paz e amor, bicho!”

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 20/05/2011, no Jornal Correio de Lins

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