Aylton Paiva |
“Bem
aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”. Jesus (Mateus, cap. 5, v.
5).
Esta
frase é atribuída a Jesus como exortação para que as pessoas busquem a vivência
da mansuetude, da brandura, da paz, da docilidade.
Naturalmente
elas se contrapõem à irritação, á raiva, à cólera, á violência, que decorrem do
estado de frustração, de contrariedade.
Allan
Kardec comenta, na análise desse versículo: “Por está máxima, Jesus faz da
brandura, da moderação, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por
conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém
possa usar para com seus semelhantes”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
IX, item 4 – Ed. FEB).
Não
há dúvida que ante contrariedades e frustrações deixamos nos envolver por
estados emocionais de desequilíbrio manifestando-se então, em nosso
comportamento a agressividade, a irritação e a até mesmo a cólera.
No
entanto, temos que entender que essa reação é uma força instintiva. Ela está em
nosso psiquismo até mesmo como um instrumento de preservação da espécie e da
coletividade.
É
uma força de proteção, todavia exteriorizada em intensidade maior e de forma
descontrolada pode gerar males de graves consequências para nós e para o alvo
dessa força instintiva.
Há
energias que, em si mesmas, são neutras: podem fazer o bem ou o mal.
A
energia elétrica que move aparelhos como a geladeira e o aparelho de televisão
é a mesma que na cadeira elétrica aplicada ao condenado leva-o, em instantes, à
morte.
Procuremos,
então, entender essa força instintiva, dominá-la e aplica-la para o nosso bem.
Para
conhecê-la vamos nos propor algumas questões a respondê-las com sinceridade:
-
Quais as situações que me deixam irritado, irado ou até com cólera?
- Os meus momentos desses estados emocionais são
gerados por simples episódios do dia a dia?
- Quando estou com raiva, encolerizado, extravaso
essa emoção com violência?
- Ou quando sinto irritação, raiva, cólera, “engulo”
essas emoções?
-
Quando irritado ou encolerizado arrumo justificativas para não reagir
exteriormente?
- Após alguns momentos em que vivi tais intensas
emoções descontroladas acho que minhas reações foram proporcionais aos fatos ou
acontecimentos que a desencadearam?
- Após “minhas explosões” arrependo-me do que falei
e fiz?
- Tenho desejo de modificar meu comportamento?
As respostas a essas indagações poderão nos dar uma
“radiografia” da intensidade e da qualidade das nossas reações em momentos de
contrariedade e frustração.
Lembremos que, em certas situações, a reação é
necessária e até mesmo saudável, principalmente quando a reação pode ser
entendida como indignação e defesa de nossos direitos individuais e coletivos.
Precisamos
ter alguns mecanismos que nos ajudem a “domar a cólera” para transformá-la em
força emocional e psíquica que nos auxilie.
Todos
já lemos em para-choque de caminhões ou mesmo em vidros trazeiros de carros: “Tá
nervoso, vá pescar!”. De fato, ajuda.
Todavia,
nem sempre é possível ir pescar. Nunca pescou, não sabe pescar ou ... não tem
rio por perto.
Há,
então, outras dicas: Sai do cenário e vai dar uma volta: homens para o
cafezinho e mulheres ver vitrines de loja! (deixa a carteira e o cartão em
casa).
Arrumar
uma gaveta ou armário.
Ouvir
uma música que tranquilize o “animo”, uns com Ave Maria, de Gounod; outros com
sertanejo ou rock. Enfim, cada um na sua.
Se
não der para fazer nada disso, encha a boca com água e conte de um a dez ou até
mil, conforme a necessidade.
Se
precisar faça tudo isso e ... ore!
O
importante é: não se envenene com a cólera, nem envenene o seu próximo.
Vale
aquela frase: “Paz e amor, bicho!”
Aylton
Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na
sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.:
Artigo publicado em 20/05/2011, no Jornal Correio de Lins
Nenhum comentário:
Postar um comentário