domingo, 30 de setembro de 2018

Operação Talita


- Talita tem um tumor na espinha dorsal. É pequeno, mas o bastante para pressionar o feixe de nervos que passa por ali, provocando as dores intensas que a afligem.
Luiz César ouvia consternado a revelação do doutor Orestes. Possuía suficiente conhecimento para saber que se tratava de um problema sério.
- Maligno?
- Provavelmente não. De qualquer forma só saberemos com certeza após o exame anatomopatológico.
- É preciso operar?
- Sim. Quanto mais crescer, mais complicada a remoção. As dores acentuar-se-ão e ela poderá experimentar uma paralisia das pernas.
- Há riscos?
- Toda cirurgia envolve alguns, embora tenhamos progredido muito. Vamos cortar uma região delicada e não sabemos exatamente até que ponto a tumoração entranhou-se no tecido nervoso. Impossível garantir que não haverá sequelas.
- Podemos esperar alguns dias? Gostaria de preparar minha esposa adequadamente. Ela confia muito nos recursos de ajuda que podem ser mobilizados no Centro Espírita que frequentamos. Sentir-se-á mais segura.
- Está bem. Marcaremos a cirurgia para dentro de duas semanas, mesmo porque há exames preliminares.
À noite, em reunião íntima no Centro, com a presença de tarefeiros ligados aos serviços de assistência espiritual, Luiz César expôs o problema, acentuando:
- Conto com a colaboração de todos. O caso é grave, mas tenho certeza de que se unirmos nossas vibrações criaremos condições ideais para que tudo corra da melhor forma possível, considerando, naturalmente, os compromissos cármicos de minha esposa, cuja extensão desconhecemos.
Elói, um dos diretores da instituição, sempre muito objetivo e dinâmico, sugeriu:
- Vamos todos colaborar, não apenas por exercício de caridade, mas, sobretudo, como intransferível dever. Talita é uma companheira dedicada e amiga. Sugiro que não fiquemos apenas em boas intenções. Vamos compor equipes que se revezarão. Nossa irmã receberá passes magnéticos pela manhã e à noite. Onde estivermos, formaremos uma corrente de vibrações no horário em que os passistas escalados estiverem realizando o seu trabalho. Será nossa “Operação Talita'', mobilizando todos os servidores desta casa.
A proposta foi recebida com entusiasmo. Durante duas semanas a programação foi cumprida fielmente, envolvendo dezenas de pessoas que, de longe ou de perto, garimpavam em seu tempo minutos preciosos de participação vibratória.
Quanto à paciente, comportava-se com serenidade e confiança, favorecendo a plena assimilação dos recursos mobilizados por benfeitores encarnados e desencarnados.
Na data aprazada a nova consulta.
- Então, Talita - perguntou o médico - está preparada?
- Sim, doutor, confiante em Deus e no senhor.
- Ótimo. Faremos hoje o último exame radiológico, confirmando a posição do tumor. Operaremos no início da noite.
Algumas horas depois era feita a internação hospitalar. Já acomodados no apartamento, marido e mulher receberam a visita do doutor Orestes, que trazia o resultado das radiografias. Muito sério, perguntou:
- Afinal, Luiz César, que tipo de preparo você fez em sua esposa?
- Nada que pudesse prejudicá-la. Apenas mobilizamos recursos espirituais em seu benefício. Algum problema?
- Sim. Não podemos operar.
Luiz César sobressaltou-se:
- Aumentou o tumor?
O médico abriu-se em largo sorriso:
- Pelo contrário: regrediu! Não há mais o que operar.
Tomados de emoção, marido e mulher abraçaram-se, enquanto o doutor Orestes despedia-se a dizer, com expressão marota:
-  Não sei o que fizeram. Só lhes peço que não espalhem a fórmula ou terei que fechar meu consultório.

Os prodígios do Céu chegam, não raro, pela passarela da boa-vontade estendida pelos que vivem na Terra.

Richard Simonetti
e-mail: richardsimonetti@uol.com.br

domingo, 23 de setembro de 2018

Segurança na vida


Vivemos nos dias atuais preocupados com a segurança, muitas vezes apenas com a segurança da vida material, mas o tema segurança aprofunda-se também em raízes espirituais da Vida.
Sobre essas considerações mais profundas buscamos as palavras de Emmanuel, através do seu fiel transmissor F. C. Xavier.
“ – Insegurança é o estado mental de que lastimam enfermos inúmeros nos consultórios médicos e que se queixam legiões de criaturas que se confessam angustiadas ante os problemas da vida”.
A pessoa aspira a possuir determinado sítio; a obter determinado emprego; a conquistar eficiência e êxito na realização de determinado negócio; na essência, entretanto, a criatura não deseja unicamente uma casa e sim um lar onde possa exprimir as suas decisões; não anela simplesmente um encargo material, mas o ensejo de mostrar-se tal qual é, de maneira a fazer o melhor que pode; não intenta, de modo exclusivo, o domínio da posse financeira, mas anseia adquirir a certeza de que vive indene do assédio de empeços e dificuldades materiais.
Urge reconhecer, portanto, que todas as aquisições na origem, procedem dos Poderes Superiores, em cuja atuação personalizamos a Providência Divina.
A segurança decorre do mecanismo intangível das circunstâncias, de vez que, oferecendo aos outros o melhor de nós próprios, recebermos dos outros o melhor de que sejam capazes.
Meditando nisso, consagremo-nos ao bem geral e mais ampla soma de bem surgir-nos-á no amparo das possibilidades imediatas.
Serve a alguém e esse alguém, com todos os recursos que lhe assessorem a existência, estará induzindo a servir-te.
Doemos com espontaneidade algo de nós e, automaticamente, receberemos de tudo aquilo que houvermos dado.
Age, em favor dessa ou daquela causa, e essa mesma causa, pelas forças que a representam, agirá em teu próprio favor.
Abstenhamo-nos de qualquer incerteza, quanto ao amanhã que venha longe ou perto.
Toda segurança procede unicamente de Deus.
Daí, a oportunidade de recordarmos a palavra do Divino Mestre, na advertência inesquecível: “Buscai, primeiramente, o Reino de Deus e tudo o mais ser-vos-á acrescentado”.
Pelas belas palavras e o conteúdo que portam, Emmanuel acena-nos com a importância da nossa confiança em Deus, como nos disse Jesus: o Pai Nosso. Confiança na sua Suprema Sabedoria e Infinito Amor.
No entanto, através dessa sabedoria e amor, Ele estabeleceu Leis que regem a Vida e o Universo.
Para nossa segurança efetiva é necessário entender a lei da reciprocidade: “cada um colhe aquilo que semeia” e o alerta: “quem planta vento colhe tempestade”.
No paralelo estabelecido por Emmanuel, em suas palavras, observamos que fazer o bem é a maneira mais segura de vivermos bem.
Há que ser um exercício diário.
Vamos aceitar o desafio?
- O que estou oferecendo a mim mesmo?
- O que estou oferecendo para minha família?
- O que estou oferecendo para a sociedade em que vivo?
- Ofereço: fé, coragem, otimismo e alegria?

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 11/05/2012, no Jornal Correio de Lins

domingo, 16 de setembro de 2018

“Os pais ... que também são filhos”


No mês de agosto comemora-se com muita alegria, o dia dos pais.
Nesse dia, recebemos presentes, carinhos e demonstrações de afeto de nossos filhos e repassamos estas mesmas atenções aos nossos progenitores.
Ontem, recebemos os melhores cuidados de nossos pais. Hoje, dedicamos nossa atenção aos nossos filhos e nos obrigamos a cuidar de nossos pais. Amanhã, quando o peso da idade, ou as dificuldades orgânicas nos alcançar, precisaremos contar com o devotamento maior e cuidados de nossos filhos.
É uma roda-viva de compromissos e dedicação que temos para com a família, a fim de que possa existir o congraçamento, alicerçado em uma convivência amorosa e sadia. É a necessidade de evolução que nos leva a passar por este caminho bendito de doação recíproca, porque as almas se reúnem numa mesma família, e trabalham juntas, para o seu progresso comum. (EV - Cap. IV - 18).
Como pais, retemos a autoridade e a responsabilidade do orientador, e como filhos sujeitamo-nos à obediência e à disciplina. Nessa troca de papéis, com certeza estamos acertando nossas contas, ou seja: equilibrando nossos débitos e créditos de encarnações passadas, fortalecendo os laços de família e suportando nossas atuais provações.
Assim sendo, devemos nos esforçar para cumprirmos bem nossas obrigações junto à família, e assim conseguirmos galgar com mais confiança os degraus da íngreme escada evolutiva da vida.
O presente que recebemos, e o que damos, deverá simbolizar esse dia com lembranças do mútuo compromisso de dedicação, de amor, atenção e proteção, obedecendo às leis naturais da vida, aplicadas entre pais e filhos com a finalidade de atingirem o progresso espiritual no campo da fraternidade, da reconciliação, da harmonia e dos resgates.
Os beijos e abraços trocados deverão ensejar o perdão da intolerância, da rebeldia, da ingratidão que é um dos frutos mais imediatos do egoísmo (EV - Cap. XIV - 9), das marcas deixadas pelas enérgicas atitudes tomadas, acertadas ou não, em horas de difíceis decisões.
Considerando os diversos níveis evolutivos das almas que habitam o planeta terra, devemos atentar também para a ponderação e flexibilidade de nossas atitudes, porque em certas ocasiões temos muito a aprender com os nossos filhos, que de certa forma devem-nos obediência. Todos viemos do espaço para progredir, e os mais adiantados devem procurar fazer progredir os menos adiantados. (EV - Cap. IV - 18)
“O amor exteriorizado através das ações em beneficio de alguém é o melhor presente que podemos oferecer.”

OBS: Ev-iv-18 (Evangelho Seg. Espiritismo cap. Iv-18)
         Ev-xiv-9 (Evangelho Seg. Espiritismo cap.xiv-9 )
Nelson Nascimento
E-mail: nelson.nascimento1@yahoo.com.br
Lins-SP


domingo, 9 de setembro de 2018

Guarda-chuva


Chico Xavier regressava do trabalho de assistência numa vila, em companhia de vários confrades. Uma senhora comentou:
– Chico, foi muito bom. O ambiente estava ótimo. Eu me senti maravilhosamente bem!
O médium respondeu: – Minha filha, aquele serviço é o meu guarda-chuva, a minha cobertura espiritual. Os Espíritos amigos daquele povo (os pobrezinhos) vêm todos me ajudar.
A Doutrina Espírita é pródiga em exemplos sobre o valor da prática do Bem, situando-a como moeda abençoada que substitui a do sofrimento no resgate de nossas dívidas, conforme a expressão feliz do apóstolo Pedro, em sua primeira epístola (4:8): O amor cobre uma multidão dos pecados.
        Consideremos alguns princípios básicos: a Terra é um Mundo de Expiação e Provas, conforme a definição de Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo.
 Em face de nossa imaturidade, contraímos dívidas no pretérito, oriundas do comprometimento com o vício, a ambição, o desatino, a maldade… A dor é a moeda cunhada pela Justiça Divina para o resgate de nossos débitos. Detalhe animador: a Divina Misericórdia nos oferece uma moeda alternativa: o Amor, que se exprime no esforço da caridade.
Quando esta realidade for plenamente assimilada, teremos multidões empenhadas em atender as carências do próximo, num saudável e estimulante Campeonato do Bem. Vencedores serão sempre os que mais estiverem dispostos a servir, conquistando os lauréis da paz e da felicidade.
Jesus já se reportava ao assunto, ao informar que o maior será sempre aquele que se faça servo de todos. Quando esse abençoado espírito de serviço orientado pela fraternidade for plenamente observado, estaremos habilitados à promoção de nosso planeta. A Terra será um Mundo de Regeneração, onde o egoísmo, o pensar em si mesmo, será substituído pelo altruísmo, o pensar nos outros.
No episódio narrado, Chico demonstra algo mais: todos temos mentores espirituais, familiares e amigos desencarnados que procuram aplanar nossos caminhos, ajudando-nos a cumprir compromissos, a superar dificuldades e limitações.
Essa realidade, tão bem demonstrada pela Doutrina Espírita, está presente em todas as culturas e religiões, que nos falam em anjos, protetores espirituais e guias. Deus jamais nos deixa entregues à própria sorte. Ainda que na Terra, atendendo as contingências humanas, alguém possa sentir-se solitário e desamparado, sempre haverá benfeitores espirituais ao seu redor, procurando levantar-lhe o ânimo e mobilizar recursos de socorro em seu benefício.
Obviamente, para que possam fazê-lo de forma concreta, necessitam do concurso de pessoas de boa vontade, sintonizadas com o Bem, capazes de captar seus apelos e oferecer algo de seus recursos, de suas iniciativas, de seu trabalho…
Esses numes tutelares sempre serão agradecidos àqueles que ajudem seus tutelados a enfrentar dificuldades e dores. O esforço em favor do próximo não apenas melhora nosso padrão vibratório, colocando-nos em contato com as fontes da Vida, como favorece uma rede de proteção espiritual formada por esses Espíritos.
Quando ajudamos alguém em suas dificuldades, exercitando solidariedade, somos ajudados por seus benfeitores espirituais, a exercitarem a gratidão.
Portanto, leitor amigo, quando você, em contato com as carências alheias, sentir o impulso de algo fazer em benefício de seu irmão, lembre-se de que há entidades espirituais a inspirá-lo.
Falam ao seu coração, rogando que lhes empreste as mãos, a fim de que possam, por intermédio delas, socorrer seus tutelados.
E esteja convicto de algo muito importante: quanto maior o Bem que você estender ao redor de seus passos, ajudando o próximo, maior será o número de Espíritos agradecidos a ajudá-lo.
Perseverando nesse propósito, quando chegar sua hora de retorno à pátria espiritual, terá uma multidão a oferecer-lhe boas-vindas. Melhor ainda: eles testemunharão, na alfândega da espiritualidade, que você tem passe livre para os páramos celestiais.

Richard Simonetti
e-mail: richardsimonetti@uol.com.br

domingo, 2 de setembro de 2018

Viver o bem para estar bem


Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam.
- Porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? – Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros. Não fazem o mesmo os pagãos? – Sede, pois vós outros, perfeitos, como perfeitos é o vosso Pai Celestial – Jesus (Mateus, Cap. V, vv. 44, 46 a 48) (1)
Para que possamos estar bem conosco e com outros é necessário que tenhamos formas adequadas de pensar, falar e agir.
Nem sempre temos esse comportamento assertivo ou correto, pois, ainda somos espíritos em processo de evolução, mas é importante que procuremos ter consciência de como deveremos agir de maneira a estar em harmonia pessoal e com aqueles com quem convivemos.
Poderemos encontrar parâmetro para pensarmos, falarmos e agirmos a fim de estarmos nesse estado de bem-estar psicológico e espiritual nas palavras do Mestre Jesus.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. XVII, item 3 (2) – O homem de bem - , Allan Kardec esclarece algumas dessas condições: “O verdadeiro homem (ser humano) de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim se fez a outrem o que desejaria lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria. Sabe que sem a sua permissão nada acontece e se lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão porque coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.”
As palavras de Jesus e o comentário de Allan Kardec, do qual pinçamos, algumas considerações nos mostram as condições ideais para pensarmos, falarmos e agirmos bem de maneira a produzir o bem estar em nós e naquelas pessoas que convivem conosco no aconchego do lar ou no ambiente de trabalho.
Temos todos a meta de encontrarmos e vivermos a felicidade, que tem por clima o bem estar.
Quando Allan Kardec indagou dos Mentores Espirituais “se haveria alguma soma de felicidade comum a todos os homens”, eles responderam na questão nº 922:
“- Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.” (3)
  
Bibliografia:
(1) – O Novo Testamento;

(2) – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. FEB;

(3) – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec – Ed. FEB.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 04/05/2012, no Jornal Correio de Lins

Seminário Espírita com Dra. Deusa Samú