terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Este dia

Aylton Paiva
Todos nós alimentamos o desejo de estarmos bem e vivermos bem.
Como realizar esse sonho, como concretizar tal desejo?
Muitas são as fórmulas apresentadas, desde os filósofos da antiga Grécia aos modernos pensadores, psicólogos, terapeutas e orientadores religiosos.
Nesses planos, muitas vezes as teorias são complexas e as práticas eivadas de dificuldades nas realizações do dia a dia.
André Luiz apresenta-nos com clareza e simplicidade algumas “dicas” para essa progressiva realização. Inicia com um indelével marco: “este dia”.
Assim ele sugere:
“Este dia é o seu melhor tempo, o instante de agora.
Se você guarda inclinação para a tristeza, este é o ensejo de meditar na alegria da vida e de aceitar-lhe a mensagem de renovação permanente.
Se a doença permanece em sua companhia, surgiu a ocasião de tratar-se com segurança.
Se você errou, esta no passado de acesso ao reajuste.
Se esse ou aquele plano de trabalho está incubado em seu pensamento, agora é o momento de começar a realiza-lo.
Se deseja fazer alguma boa ação, apareceu o instante de promovê-la.
Se alguém aguarda as suas desculpas por faltas cometidas, terá soado a hora em que você pode esquecer qualquer ocorrência infeliz e sorrir novamente.
Se alguma visita ou manifestação afetiva esperam por você chegou o tempo de atendê-las.
Se você precisa estudar determinada lição, encontrou você a oportunidade de fazer isso.
Este dia é um presente de Deus, em nosso auxílio. De nós depende aquilo que venhamos a fazer com ele.” (1)
André Luiz apresenta a riqueza de possibilidades que “este dia” nos oferece e no “este dia” sobreleva “este momento”.
Como poderemos transformar obstáculos em estímulos à vitória.
Inibições em realizações.
Tristeza em alegria.
Desânimo em esperança.
Passividade em ações pró-ativas.
Enclausuramento no egoísmo em expansividade na solidariedade.
Saibamos reconhecer que “este dia” é o grande presente que Deus está nos ofertando para múltiplas realizações na construção do nosso bem-estar.
Em outro momento, André Luiz também nos alerta que:
“Uma existência é um ato.
Um corpo – uma veste.
Um século – um dia.
Um serviço – uma experiência.
Um triunfo – uma aquisição.
Uma morte – um sopro renovador.” (2)
Nesses novos conceitos ele nos revela o tesouro do tempo que o Criador da Vida, nos oferece para as realizações essenciais do nosso espírito, eterno em direção à Felicidade Plena, tão almejada por todos.
Todavia ela não é uma aquisição externa, porém uma realização gradativa através do tempo e do espaço, sempre a iniciar-se ou reiniciar-se na oportunidade “deste dia”.

Bibliografia:
1     Respostas da Vida, André Luiz / F. C. Xavier – pág. 20 – Ed. Ideal;
2     Nosso Lar, André Luiz / F. C. Xavier – pág. 14 – Ed. FEB.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 30/09/2011, no Jornal Correio de Lins

domingo, 19 de fevereiro de 2017

A liberdade

Aylton Paiva
Comemoramos no dia 7 de setembro o dia da Independência do Brasil.
São realizados atos festivos e comemorativos do dia da liberdade dos brasileiros.
Isso é relevante, significa o direito de ir e vir e termos possibilidades de ações individuais e coletivas que atendam às nossas necessidades, porém sem colidirem com o direito do outro; sejam eles pessoas ou país.
A Doutrina Espírita, em seu aspecto filosófico, analisa com propriedade esse direito em O Livro dos Espíritos, na sua 3ª Parte – Das leis Morais, no capítulo: A Lei da Liberdade.
Esclarece que a liberdade não pode ser exercida de forma absoluta.
Allan Kardec formulou a indagação:
“ – Em que condições poderiam o homem gozar a liberdade absoluta?”
A resposta dos Mentores Espirituais foi:
“ – Nas dos eremitas no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumprem respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.” (1)
A liberdade para ser exercitada de forma cada vez mais ampla depende da fraternidade e da igualdade.
Onde houver uma convivência fraterna exteriorizada em amor e respeito, acatando-se o direito do próximo, haverá a prática da justiça e consequentemente haverá a liberdade.
Kardec comenta: “A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão constantemente em guarda umas com as outras. Sempre receosas de perderem o que chamam de seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas, pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a coarctarão quando puderem”. (2)
Observamos como é importante desenvolver a liberdade nas formas individual e coletiva, pois ela implica em condição de crescimento dentro da vida. Por outro lado, dois grandes obstáculos impedem o exercício da liberdade: o egoísmo e o orgulho.
É necessário combater o egoísmo em nós mesmos e na sociedade em que vivemos.
Sem dúvida, é importante para o homem o desenvolvimento de sua capacidade de pensar, pois é através dela que ele poderá conhecer-se e o mundo em que vive.
Pelo pensamento o homem desfruta de liberdade ilimitada, o que deverá ajudá-lo nesse conhecimento.
Esse entendimento deve amparar-lhe a ação no sentido de, através da liberdade, desenvolver a fraternidade, a igualdade, a justiça e o amor.
A liberdade de consciência é uma característica da civilização em seu mais avançado estágio de progresso.
“Todavia, é evidente que uma sociedade para manter o equilíbrio, a harmonia e o bem-estar precisa estabelecer normas, leis e regulamentos portadores de sanções. A título de respeitar a liberdade de consciência não vai se admitir a propagação de ideias e doutrinas prejudiciais à sociedade. Nada se lhes deve opor através da violência e das forças, mas através dos princípios de direito.
Para o Espiritismo, os meios fazem parte dos fins; não se pode pretender o amor, a justiça, a liberdade, agindo por meios violentos, odiosos, injustos e coativos.
Esse conceito de liberdade deve levar-nos, pois, a ação de implantar o bem na sociedade em vivemos para que o mal gradativamente desapareça. “Para isso é preciso atuar conscientemente, com amor e determinação”. (3)
Essa, sem dúvida, a melhor comemoração da independência e da liberdade.

Bibliografia:
1     O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB, questão nº 826;
2     Obras Póstumas, Allan Kardec, Ed. FEB, cap. Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
3     O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade, Paiva, Aylton G. C., pág. 87, Ed. Casa dos Espíritas.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 09/09/2011, no Jornal Correio de Lins

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Valores da juventude

Aylton Paiva
A adolescência é um difícil período de buscas para o ser.
É a fase de grandes transformações no corpo físico e na mente.
Ocorre um banho de hormônios que vão modificando o corpo da criança, do pré-adolescente, menino ou menina, transformando-os no mocinho ou na mocinha.
É o momento em que eles procuram novos pontos de apoio para a organização física e, até, às vezes, ficam meio “desengonçados” para encontrar esse ponto de equilíbrio. Também suas emoções entram em “ebulição”.
Normalmente, os pais, com mais ou menos preocupações, acompanham essas mudanças esforçando-se para cercar o filho ou a filha de meios que lhes facilitem a adaptação com a nova fase orgânica.
Agora eles querem se “enturmar” e o grupo tem os seus valores, seus modismos, suas formas de começar a ver e sentir o mundo ”com olhos de adultos”.
Os pais se preocupam em oferecer boas instruções em escolas e “cursinhos” preparatórios para ingresso na Faculdade.
Então o sonho almejado: o filho ou a filha, em futuro breve, com o diploma de médico, engenheiro, advogado, especialista em ciência da computação, etc.
E o “pós sonho”: muito bem empregado, ganhando bastante dinheiro e elevado padrão social e, obviamente, “muito bem casado”.
Nem sempre, mesmo para os pais que tem bom poder financeiro, essa realização dos filhos é tão simples e tão fácil.
Alguns, quando acordam, dolorosamente estarrecidos constatam que o filho ou a filha querida não seguiu o caminho sereno e tranquilo das realizações desejadas. Tomou o atalho das ruelas: da irresponsabilidade, do alcoolismo, das drogas e até mesmo da delinquência.
Já ouvi alguns, dolorosa e desesperadamente, dizerem:
- Onde foi que eu errei? Fiz tudo o que podia por ele (ou por ela)?
A questão vem na segunda pergunta-resposta: “fiz tudo o que podia...”
Sim, às vezes, fez tudo, fez muito! Demais. Instruiu, mas não educou passando valores morais e éticos.
Sim, a instrução que prepara intelectualmente o jovem para o sucesso profissional é importante. Todavia, mais importante é a educação que transmite valores essenciais à dignidade e aos valores humanos.
Todo ser humano precisa ter valores de direitos e deveres.
Noções e vivencias de fraternidade e solidariedade, começando dentro do próprio lar e se projetando para a vida em sociedade.
O jovem precisa ter valores de auto-estima.
Desenvolver a confiança em si mesmo.
Ter muito claro os deveres para consigo mesmo: cuidar da saúde do corpo, cultivar a saúde emocional, mental e afetiva.
Saber dos seus compromissos para vida em sociedade: saber preservar e defender os próprios direitos e respeitar os direitos do próximo.
Além dos pais e educadores, importante agência para transmitir e exercitar esses valores no jovem é a religião.
Não a religião como instituição humana, que às vezes, desenvolve anti-valores morais de: superioridade, de fanatismo, de egoísmo de grupo (só eles são eleitos de Deus), de separatismo (chegam a desagregar famílias, porque outro membro é de outra denominação religiosa).
Sim, a religião que desenvolve a religiosidade: o amor e respeito ao Criador da Vida e do Universo, o amor à natureza, a fraternidade e a solidariedade, com o devido respeito ao outro em sua forma de ser.
A juventude há que ser alimentada com os valores do Amor a Deus, à Vida, ao próximo e ao Universo.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado em 02/09/2011, no Jornal Correio de Lins