domingo, 19 de fevereiro de 2017

A liberdade

Aylton Paiva
Comemoramos no dia 7 de setembro o dia da Independência do Brasil.
São realizados atos festivos e comemorativos do dia da liberdade dos brasileiros.
Isso é relevante, significa o direito de ir e vir e termos possibilidades de ações individuais e coletivas que atendam às nossas necessidades, porém sem colidirem com o direito do outro; sejam eles pessoas ou país.
A Doutrina Espírita, em seu aspecto filosófico, analisa com propriedade esse direito em O Livro dos Espíritos, na sua 3ª Parte – Das leis Morais, no capítulo: A Lei da Liberdade.
Esclarece que a liberdade não pode ser exercida de forma absoluta.
Allan Kardec formulou a indagação:
“ – Em que condições poderiam o homem gozar a liberdade absoluta?”
A resposta dos Mentores Espirituais foi:
“ – Nas dos eremitas no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumprem respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.” (1)
A liberdade para ser exercitada de forma cada vez mais ampla depende da fraternidade e da igualdade.
Onde houver uma convivência fraterna exteriorizada em amor e respeito, acatando-se o direito do próximo, haverá a prática da justiça e consequentemente haverá a liberdade.
Kardec comenta: “A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão constantemente em guarda umas com as outras. Sempre receosas de perderem o que chamam de seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas, pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a coarctarão quando puderem”. (2)
Observamos como é importante desenvolver a liberdade nas formas individual e coletiva, pois ela implica em condição de crescimento dentro da vida. Por outro lado, dois grandes obstáculos impedem o exercício da liberdade: o egoísmo e o orgulho.
É necessário combater o egoísmo em nós mesmos e na sociedade em que vivemos.
Sem dúvida, é importante para o homem o desenvolvimento de sua capacidade de pensar, pois é através dela que ele poderá conhecer-se e o mundo em que vive.
Pelo pensamento o homem desfruta de liberdade ilimitada, o que deverá ajudá-lo nesse conhecimento.
Esse entendimento deve amparar-lhe a ação no sentido de, através da liberdade, desenvolver a fraternidade, a igualdade, a justiça e o amor.
A liberdade de consciência é uma característica da civilização em seu mais avançado estágio de progresso.
“Todavia, é evidente que uma sociedade para manter o equilíbrio, a harmonia e o bem-estar precisa estabelecer normas, leis e regulamentos portadores de sanções. A título de respeitar a liberdade de consciência não vai se admitir a propagação de ideias e doutrinas prejudiciais à sociedade. Nada se lhes deve opor através da violência e das forças, mas através dos princípios de direito.
Para o Espiritismo, os meios fazem parte dos fins; não se pode pretender o amor, a justiça, a liberdade, agindo por meios violentos, odiosos, injustos e coativos.
Esse conceito de liberdade deve levar-nos, pois, a ação de implantar o bem na sociedade em vivemos para que o mal gradativamente desapareça. “Para isso é preciso atuar conscientemente, com amor e determinação”. (3)
Essa, sem dúvida, a melhor comemoração da independência e da liberdade.

Bibliografia:
1     O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB, questão nº 826;
2     Obras Póstumas, Allan Kardec, Ed. FEB, cap. Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
3     O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade, Paiva, Aylton G. C., pág. 87, Ed. Casa dos Espíritas.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 09/09/2011, no Jornal Correio de Lins

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