domingo, 30 de julho de 2017

Aprimoramento espiritual

Aylton Paiva
A Doutrina espírita esclarece que todos os seres foram criados por Deus para evoluírem desenvolvendo as suas potencialidades e atingirem a felicidade plena.
Esclareceram os Mentores Espirituais na questão nº 133 de O Livro dos Espíritos: “Todos (os espíritos) foram criados simples e ignorantes; instruíram-se nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não poderia fazer a alguns felizes, sem dificuldades e sem trabalho e, por conseguinte, sem mérito”. (1)
Esse desenvolvimento se faz através das experiências vividas pelo ser, sejam elas agradáveis ou desagradáveis.
A inteligência deve ser desenvolvida, os sentimentos aprimorados e as emoções devidamente equilibradas.
Poderemos caminhar com mais segurança nesse desenvolvimento se, além das vivências também buscarmos o conhecimento teórico a respeito delas.
O Espiritismo oferece-nos vários conceitos sobre o conhecimento e as formas de gerenciarmos esses desenvolvimentos. Além dele, hoje, a psicologia, a psiquiatria também oferecem suas contribuições para tal aprimoramento no equilíbrio das emoções e, por consequência, da personalidade.
Aproveitaremos as experiências, estudos e consideração do psicoterapeuta e psiquiatra Dr. Augusto Cury.
Ele faz algumas reflexões muito oportunas para essa questão.
Apresenta algumas técnicas para o gerenciamento das emoções.
Faremos um resumo do tema por ele apresentado.
Diz o seguinte sobre gerenciamento de emoções:
“DUVIDAR DE TUDO QUE NÃO PROMOVE A VIDA.
Duvide de todas as ideias e de todos os pensamentos que debilitam sua saúde psíquica.
Duvide da sua incapacidade de superar seus conflitos, seus fracassos, sua insegurança, sua ansiedade. Duvide da sua incapacidade de ser feliz.
DUVIDAR DA DITADURA DAS DERROTAS, DAS ANGÚSTIAS, DA DEPRESSÃO.
Assumir com honestidade nossas fragilidades, limitações e conflitos, mas não devemos nos deixar controlar por elas.
Evitar o medo, as ideias negativas, as doenças emocionais.
Retirar o medo da mente e substituir pela coragem e a esperança.
NÃO DUVIDAR DOS VALORES DA PAZ, DO AMOR, DO PRAZER DE VIVER.
Duvide do conteúdo de todas as ideias e de todos os pensamentos que debilitam sua saúde psíquica. Duvide da sua incapacidade de superar seus conflitos, seus fracassos, sua insegurança, sua ansiedade. Duvide da sua incapacidade de ser feliz.
A dúvida esvazia a ditadura das derrotas, das angustias, da depressão. Devemos assumir com honestidade nossas fragilidades, limitações e conflitos, mas não devemos nos deixar controlar por elas.
Cuidado com a ditadura do medo, das ideias negativas, das doenças emocionais. Retire o medo do trono da sua mente e substitua pela esperança.
Não duvide do valor da vida, da paz, do amor, do prazer de viver, enfim de tudo que faz a vida florescer. Mas duvide de tudo que a compromete”. (2)
Sem dúvida esses conceitos são muito importantes e devem ser postos em prática. É difícil, todavia devemos enfrentar esses desafios a fim de que aceleremos o nosso aprimoramento e evitarmos por desequilíbrio de nossas emoções os sofrimentos desnecessários.

Bibliografia:
1 - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. IDE, pág. 71
2 – Treinando a emoção para ser feliz, Augusto Cury, Ed. Academia, pág. 25

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).


Obs.: Artigo publicado em 16/12/2011, no Jornal Correio de Lins

Queridas irmãs e irmãos

Com grande emoção novamente estou participando desta reunião de encerramento dos módulos, neste semestre.
Lembro-me dos primeiros momentos em que cheguei a esta Casa dos Espíritas trazendo a dor e a ansiedade.
A luz do conhecimento brilhou na minha vida.
Entendi a vida, o destino e os porquês que nela nos acompanham.
Passei a ter uma bússola a indicar-me o caminho melhor.
Em verdade essa bússola espiritual tem duas agulhas: Espiritismo e o Evangelho.
O tempo correu célere e eis que em determinado momento eu que viera buscar o lenitivo tinha a possibilidade retransmitir a Doutrina Espírita e o Evangelho nos módulos do Curso.
Para mim foi uma alegria inenarrável e pelo tempo que dispus procurei dar a minha pequena contribuição.
Chegou, porém, o momento em que meu corpo físico já tinha me oferecido o melhor que podia. Devolvi-o agradecida ao grande laboratório da natureza.
O retorno foi emocionante.
Após os tempos de repouso a grande alegria dos reencontros espirituais com familiares, irmãos da espiritualidade e a equipe maravilhosa que trabalha nesta Casa.
Participar desta reunião, no plano espiritual onde estou, é uma vivência indescritível de luz e amor.
A emoção me toma o ser e é preciso que a escrita cesse para que as lágrimas não dissolvam as palavras escritas.
Estou, tanto quanto possível, com vocês.
Aqui continuo.
Tanto quanto possível, também, estou com meus, que ainda estão no plano físico: filhos, netos e nora e outros que trago em minha alma.
Agradecida a todos.
Persistam nesse estudo, pois ele é luz e orientação para todos nós com as bênçãos do Mestre Jesus.
Abraço a todos.
Nazaré


(Mensagem mediúnica recebida por Aylton Paiva, em 03/07/2017, no encerramento do 1º Semestre do Curso de Espiritismo da Casa dos Espíritas. A Sra. Antonieta Nazaré de Lima Coqueiro, desencarnou em 20/03/2017, foi colaboradora ativa e Presidente da Diretoria Executiva da Casa dos Espíritas).

domingo, 23 de julho de 2017

Não tenha pressa de arrumar as malas

(Reflexão)
Não tenha pressa de arrumar as malas e bater em retirada quando o infortúnio chegar à sua porta prenunciando desventura no convívio familiar. Lembre-se de que a convivência com pessoas de instintos, pensamentos, e comportamentos diferentes dos seus, quase sempre são testes ou provações que a vida nos apresenta para o nosso próprio aperfeiçoamento pessoal.
A paciência e a tolerância fazem parte de uma série de virtudes que precisamos desenvolver, e persistirmos em exercitá-las o mais possível, lembrando que a serenidade da alma não pode ser conquistada de outra forma.
Observe que, cada vez que olhamos com sinceridade e humildade para dentro de nos mesmos, sempre encontramos alguma correção a fazer em nossa personalidade, que ainda não tínhamos percebido. Outras vezes ouvimos dos outros alguma coisa em forma de crítica, de que não gostamos, mas que precisamos analisar.
É preciso entender também o semelhante até o limite de nossa tolerância... E mais um pouco, porque sabemos que no planeta terra ninguém é perfeito.
È importante frisar que tolerar não significa ser conivente com falcatruas e outros comportamentos inconvenientes, nem suportar procedimentos que venham atentar contra a dignidade e a integridade física e moral de cada um. É sim, procurar entender a maneira de ser das pessoas que estão do nosso lado, ouvindo-as, ajudando-as, orientando-as quando possível, corrigindo-as, usando o bom senso dentro dos bons princípios, porque com elas também muito aprendemos.
Muitas vezes achamos que, estando distante da presença diária de tal pessoa que nos incomoda, seria o paraíso sonhado, mas pode ser mero engano; é quando se percebe que o erro na verdade pode estar em nós mesmos, em nossas próprias atitudes.
As malas podem esperar mais um pouco, ou... Podem ser desfeitas.
Reflita, reconsidere, seja flexível, não se precipite, lembre-se de que não é por acaso que as pessoas são colocadas juntas no mesmo reduto familiar, onde é preciso construir os alicerces de uma convivência fraterna, para se ajudarem, evoluírem, e alcançarem a felicidade.
Nelson Nascimento

e-mail: nelson.nascimento@yahoo.com.br

domingo, 9 de julho de 2017

A imortalidade e sua consequência

Aylton Paiva
“Que é o Espirito?
- O princípio inteligente do universo.” (Questão nº 23 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec).
“Em que sentido se deve entender a vida eterna?
- A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna a vida eterna.” (Questão nº 153 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec).
A alma possui sua individualidade antes de se ligar a um corpo físico e a conserva depois de se haver separado do corpo material.
Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, procurou conceituar que a alma seria o espírito ligado à matéria e Espírito quando estivesse livre do corpo físico, no entanto essa precisão de linguagem não foi acatada e hoje, na literatura espírita, usam-se os termos alma e espírito indistintamente.
Encontramos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação Divina e povoam o Universo.
A inteligência é um atributo essencial do Espírito.
O Espírito e a matéria são distinto um do outro, mas a união do Espírito e da matéria é necessária para o aprimoramento do Espírito e da matéria.
O Espírito é composto de matéria quintessenciada.
É difícil, no momento, conhecermos a essência do Espírito, pois faltam termos de comparação e uma linguagem eficiente.
A dificuldade para compreensão é muito maior do que a de um cego de nascença para definir a luz.
Os Espíritos estão por toda parte e povoam os espaços infinitos.
Muitos deles estão ao lado das pessoas, observando-as, ajudando-as ou atrapalhando-as, de acordo com a “afinidade” que tem, em termos de: inteligência, sentimento, emoção e ato com essas pessoas.
Os Espíritos são uma das potencias da natureza e o instrumento de que Deus se serve para a execução de sua vontade.
Os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e atribulações da vida corporal (Questão nº 133 de O Livro dos Espíritos).
Poderemos entender a expressão: “simples” como sendo o Espírito que ainda não desenvolveu as suas potencialidades nas áreas do sentimento, inteligência, emoção e ação.
Por outro lado, a qualificação “ignorante”, como sendo o estado daquele Espírito que “ainda não sabe”, que “desconhece”.
Ele deverá sair desse estágio para atingir a perfeição que lhe é compatível, desfrutando, então, a plena felicidade.
Não há privilégio na Criação Divina, todos são criados de igual forma e devem desenvolver-se através das experiências que lhe são necessárias.
Nesses conceitos da Doutrina Espírita encontramos valores importantes para a nossa vida, em sua essência, e em nosso viver diário.
A nossa imortalidade deve levar-nos a compreender melhor as limitações da vida física e valorizá-la no sentido de que é uma importante oportunidade que estamos tendo, mas ela é apenas “um momento” de nossa vida. Isso deve ajudar-nos a diminuir o orgulho, a vaidade e o egoísmo.
Ao dizer-nos que Deus criou-nos a todos de igual forma e para todos estabeleceu a meta da plena felicidade, revela-nos o Amor Supremo de Deus e a sua Justiça para com todos os Espíritos que ele criou.
Nesse início comum e meta para todos, podemos encontrar os fundamentos da fraternidade e da solidariedade que deve inspirar todos os seres humanos.
Abre-se, pois, uma perspectiva de confiança, esperança, otimismo e fé em si mesmo e também na Causa Primária de todas as coisas – Deus.
Que essa visão de imortalidade, liberdade e evolução inspire-nos, em todos os momentos, a Esperança no futuro permanente e grandioso que nos aguarda, alcançável pelo mérito de nossas realizações.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).


Obs.: Artigo publicado em 09/12/2011, no Jornal Correio de Lins

domingo, 2 de julho de 2017

Conversa do bem

Aylton Paiva
Tomava meu delicioso cafezinho quando o professor Álvaro aproximou-se.
Cumprimentamos-nos alegremente.
Professor Álvaro é um admirável humanista e ecologista. Não porque seja um rico banco de dados sobre esses temas, mas pela prática transformadora. Ele é um homem de conhecimento e de ação.
Sua integração com as pessoas e com a natureza é admirável e exemplar.
Conversa vai... conversa vem... e ele me relata um episódio recente.
- Sabe, eu estava em uma repartição pública, na sala de um amigo meu, Anacleto, que é diretor em sua área.
Quando estávamos conversando, chegou até a porta um funcionário para dizer algo.
Ao sentir-lhe a aproximação, demonstrando irritação, disse:
- Espere um pouco. Você não está vendo que eu estou ocupado?
O tom de voz era áspero.
O rapaz estacou, olhou bem para o chefe, e virou nos pés.
De imediato, relatou Álvaro, comentei:
- Não tenho nada com isso, porém permita-me dizer-lhe: acho que poderia ter sido mais “manero” com ele, pois como o tratou, nunca mais esquecerá e sentindo-se humilhado, ganhou um inimigo, talvez para sempre...
Anacleto fixou-me admirado:
- Você acha mesmo que eu fui grosseiro com ele?
- Foi. Permita-me uma sugestão. Procure-o e, em particular, converse com ele e se desculpe, embora reiterando a instrução já dada.
- Mas, você acha que eu devo fazer isso?
É... o “problema da autoridade” é sério, porém o “bom trato” resolve muitas questões.
Conversamos mais um pouco e despedimo-nos.
Passados alguns dias, prosseguiu o professor Álvaro, caminhava tranquilamente pela calçada quando ouvi gritos:
- Professor, professor!
Parei e virei-me para traz.
- Olá é você?
- Sim professor. Olha quero contar-lhe que o senhor Anacleto, depois daquele “pega”, procurou-me e pediu desculpas pelo tom irritado com que me havia advertido.
Não acreditei! Sempre o achei pessoa autoritária e prepotente. Nem gostava de ir à sala dele.
- E ai?
- Então, depois desse “papo”, sabe que ficamos mais amigos?
- Que bom! Valeu!
Correram mais alguns dias e encontro Anacleto.
- Olá professor Álvaro. Sabe, pensei muito sobre que você me disse. Procurei o Oscar e pedi-lhe desculpas por minha irritação, no momento.
- E ai?
- Parece-me que nos tornamos mais amigos. O ambiente entre nós ficou muito bom e percebo que, hoje, ele trabalha com mais prazer ao meu lado.
- Ótimo. Fico feliz que o diálogo tenha criado a amizade entre vocês, sem ele, muitas vezes, surge a muralha do rancor.
Continuamos por mais algum tempo a nossa conversa. Ao nos despedirmos ressaltei: esse é o caminho da paz e da harmonia, professor Álvaro. É o que o Mestre Jesus nos propôs: “Faça ao próximo o que gostaria que se lhe fizesse.” (Lucas, cap. 6, v. 31) (1)
Lembrei-me, ainda, da frase: “O homem de bem é bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças” (2) E eu acrescentaria: nem distinção de classe social e hierarquia no trabalho.
- Plenamente de acordo, acrescentou o professor Álvaro, fazendo um gesto de despedida, pois seus alunos de ecologia o aguardavam.
Fiquei pensando: lá vai um homem de bem!

Bibliografia:
1 - O Novo Testamento.
2 – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB, questão nº 918, § 4º

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).


Obs.: Artigo publicado em 02/12/2011, no Jornal Correio de Lins