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Aylton Paiva |
Tomava meu delicioso cafezinho quando o professor
Álvaro aproximou-se.
Cumprimentamos-nos alegremente.
Professor Álvaro é um admirável humanista e ecologista.
Não porque seja um rico banco de dados sobre esses temas, mas pela prática
transformadora. Ele é um homem de conhecimento e de ação.
Sua integração com as pessoas e com a natureza é
admirável e exemplar.
Conversa vai... conversa vem... e ele me relata um
episódio recente.
- Sabe, eu estava em uma repartição pública, na sala de
um amigo meu, Anacleto, que é diretor em sua área.
Quando estávamos conversando, chegou até a porta um
funcionário para dizer algo.
Ao sentir-lhe a aproximação, demonstrando irritação,
disse:
- Espere um pouco. Você não está vendo que eu estou
ocupado?
O tom de voz era áspero.
O rapaz estacou, olhou bem para o chefe, e virou nos
pés.
De imediato, relatou Álvaro, comentei:
- Não tenho nada com isso, porém permita-me dizer-lhe:
acho que poderia ter sido mais “manero” com ele, pois como o tratou, nunca mais
esquecerá e sentindo-se humilhado, ganhou um inimigo, talvez para sempre...
Anacleto fixou-me admirado:
- Você acha mesmo que eu fui grosseiro com ele?
- Foi. Permita-me uma sugestão. Procure-o e, em
particular, converse com ele e se desculpe, embora reiterando a instrução já
dada.
- Mas, você acha que eu devo fazer isso?
É... o “problema da autoridade” é sério, porém o “bom
trato” resolve muitas questões.
Conversamos mais um pouco e despedimo-nos.
Passados alguns dias, prosseguiu o professor Álvaro, caminhava
tranquilamente pela calçada quando ouvi gritos:
- Professor, professor!
Parei e virei-me para traz.
- Olá é você?
- Sim professor. Olha quero contar-lhe que o senhor
Anacleto, depois daquele “pega”, procurou-me e pediu desculpas pelo tom
irritado com que me havia advertido.
Não acreditei! Sempre o achei pessoa autoritária e
prepotente. Nem gostava de ir à sala dele.
- E ai?
- Então, depois desse “papo”, sabe que ficamos mais
amigos?
- Que bom! Valeu!
Correram mais alguns dias e encontro Anacleto.
- Olá professor Álvaro. Sabe, pensei muito sobre que
você me disse. Procurei o Oscar e pedi-lhe desculpas por minha irritação, no
momento.
- E ai?
- Parece-me que nos tornamos mais amigos. O ambiente
entre nós ficou muito bom e percebo que, hoje, ele trabalha com mais prazer ao
meu lado.
- Ótimo. Fico feliz que o diálogo tenha criado a
amizade entre vocês, sem ele, muitas vezes, surge a muralha do rancor.
Continuamos por mais algum tempo a nossa conversa. Ao nos
despedirmos ressaltei: esse é o caminho da paz e da harmonia, professor Álvaro.
É o que o Mestre Jesus nos propôs: “Faça ao próximo o que gostaria que se lhe
fizesse.” (Lucas, cap. 6, v. 31) (1)
Lembrei-me, ainda, da frase: “O homem de bem é bondoso,
humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos, porque vê
irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças” (2) E eu
acrescentaria: nem distinção de classe social e hierarquia no trabalho.
- Plenamente de acordo, acrescentou o professor Álvaro,
fazendo um gesto de despedida, pois seus alunos de ecologia o aguardavam.
Fiquei pensando: lá vai um homem de bem!
Bibliografia:
1 - O Novo Testamento.
2 – O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB, questão nº 918, § 4º
Aylton Paiva é estudioso
da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado
em 02/12/2011, no Jornal Correio de Lins
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