domingo, 18 de junho de 2017

A existência de Deus

Aylton Paiva
Eduardo comentava entusiasticamente a respeito de um vídeo, que vira na internet, sobre os mundos, os sistemas solares e as galáxias.
Muito emocionado e animado falava sobre a grandiosidade do Universo e a pequenez do ser humano, que ainda carrega tanto orgulho e pretensão.
- Sabe, fico pensando nessa grandiosidade toda e aí temos que nos reportar ao Criador dessa Obra maravilhosa e indescritível. A Causa geradora dessa grandiosidade cósmica.
Buscamos na Ciência e ela nos diz que a causa é a própria natureza e a sua organização é obra do acaso. Combinações fortuitas.
Indagamos da Religião e ela nos diz que é Deus.
Perguntamos sobre Deus.
Cada uma das interpretações religiosas apresenta-nos de diferentes formas.
O deus que é o Senhor temeroso a ser obedecido nas ordens, que são transmitidas pelos ministros da organização, sob pena de duros castigos e perdição para eternidade.
Esse deus tem características muito humanas sendo capaz de exercitar os sentimentos de amor e ódio, de calma e raiva, de paciência e intolerância; gosta de bajulação e protege os bajuladores...
Quando ele fez uma pausa para respirar, tentei esclarecer:
Observe, Eduardo, que os seres humanos isoladamente ou em grupos que formam as religiões tem percepções e interpretações dessa Causa geradora de tudo o que existe, projetando seus próprios sentimentos e emoções, motivados por usos, costumes e tradições.
- Pois é, dai, então, a gente busca a Filosofia.
O “imbróglio” continua, pois os filósofos vem com a “causa das causas”, a “causa última”, “o motor primeiro”, “o caos gerador” e outros termos e conceitos que a gente acaba ficando “na mesma”.
- Você tem razão, conhecer “quem” é Deus ou o “que” é Deus; como Ele está e dirige o Universo, a inteligência humana ainda não consegue alcançar.
- Eu sei que você é espírita, então me diga como o Espiritismo apresenta Deus e a sua criação.
- Muito bem, Eduardo, tentarei colocar para você o que o Espiritismo diz a respeito, naturalmente com as minhas limitações.
A primeira questão de O Livro dos Espíritos, que é a obra fundamental da Doutrina Espírita, formulada por Allan Kardec foi:
“O que é Deus?”
A resposta dada pelos Mentores Espirituais que transmitiram os princípios do Espiritismo:
“Deus é inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.” (1)
Para o nosso atual nível de compreensão, acho que há muita coisa a ser entendida nessa frase, aparentemente tão simples.
- É já dá para pensar. Disseram eles alguma coisa sobre a prova da existência de Deus, que a Ciência diz não ter e a filosofia está à procura?
- Sim. Os Orientadores Espirituais, que passaram os fundamentos do Espiritismo, afirmaram ante a indagação de Kardec:
“Onde se encontra a prova da existência de Deus?
- Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”
Em seguida Allan Kardec formula o comentário:
“- Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação. O Universo existe, logo, tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.” (2)
Tempos mais tarde, em aprofundamento de estudo, Kardec complementaria:
“- Outro principio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente.” (3)
- Caramba! Dá muito o que pensar... Tá terminando meu intervalo de almoço, mas vamos voltar a conversar sobre isso.
- Tudo bem! Até à vista ou ... até o próximo diálogo.

Bibliografia:
1 - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB.
2 – A Gênese, Allan Kardec, Ed FEB, Cap. II, item 3

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).


Obs.: Artigo publicado em 25/11/2011, no Jornal Correio de Lins

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