“Deus tem preferência pelos que o adoram dessa ou
daquela maneira?
- Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com
sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com
cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes”. Questão nº
654 de O Livro dos Espíritos).
A ligação da criatura com o Criador, com a
interpretação das religiões, ao longo do tempo, sempre refletiram as formas de
pensar, sentir e agir dos dirigentes dessas religiões.
Assim, nelas constatamos normas que impões ao adepto: o
medo, o temor, a submissão absoluta; o sentimento de povo escolhido, de grupos
eleitos. Outras refletem o amor, a solidariedade e a fraternidade. E entre elas
há uma gradação grande de exteriorização desses sentimentos, de forma negativa
ou positiva.
De forma geral, para agradar o deus apresentado por
essas religiões autoritárias, é necessário louvar, admirar, temer, ser
submisso. E ele só salva os profitentes que participam daquela organização
religiosa especifica, daquele grupo de fieis ou pertencentes ao seu povo
eleito.
Claro que são projeções emocionais e comportamentais
dos dirigentes, líderes, condutores dessas religiões atribuídas a Deus.
E a forma, mais ou menos rigorosa, de conduzir os
adeptos, por parte das classes sacerdotais e das autoridades religiosas, têm
variado através do tempo, das culturas e de maior ou menor avanço no
atendimento aos direitos humanos nas legislações dos países onde essas religiões
estão inseridas.
Segundo a Doutrina Espírita para adorar a Deus não é
necessário atender a formalismos exteriores ou pertencer a essa ou aquela
religião.
Na questão acima citada fica muito claro o fundamento
da adoração a Deus: “Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com
sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal”.
Para se fazer o bem e evitar o mal é necessário que o
ser humano seja participante, como cidadão, da sociedade em que vive, através
de ações que preservem os próprios direitos naturais, como também, dentro de
suas possibilidades, defenda os direitos naturais do seu semelhante.
Claro que nada vale a adoração exterior manifesta em
rituais e posturas falsas, se o comportamento da pessoa motiva-se pelo egoísmo,
orgulho, vaidade e prepotência.
Para fazer o bem e evitar o mal é necessário procurar
extinguir o orgulho, a inveja, o egoísmo, a vaidade e a prepotência, não só em
si mesmo, como também das instituições e grupos sociais.
Esse conceito de adoração leva não só à auto-educação da
pessoa, como à reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, em
nome dos quais se justificam as desigualdades e as injustiças.
Há religiões que se constituem em instrumentos dos
poderosos do mundo para a manipulação das massas, de conformidade com seus
interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem.
A submissão é de suma importância para tais religiões e
o maior “pecado” é a desobediência.
Esse posicionamento de submissão cria no homem a
dependência total à autoridade impedindo-o, consequentemente, de, por seu livre
arbítrio, exercitar sua capacidade de amar e raciocinar.
Destarte, ser religioso significa, principalmente,
entender a si mesmo e ao seu semelhante, amando-o e amando-se (“Ama o teu
próximo como a ti mesmo”. Jesus), sempre procurando fazer o bem e evitar o mal.
Segundo o Espiritismo, o valor espiritual de uma
religião, filosofia ou seita, está em promover o crescimento, a força, a
liberdade para aquelas pessoas que a seguem ou professam.
Por isso, o conceito espírita de adoração infunde um
profundo respeito pela Vida, uma permanente indagação sobre o universo e o
homem, um intrínseco amor pelo semelhante. Estimula sempre o aperfeiçoamento e
o progresso da pessoa e da sociedade, através da solidariedade.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Terceira Parte –
Das leis Morais - Editora FEB.
- O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade,
Aylton Paiva – Ed. Casa dos Espíritas de Lins.
Aylton Paiva é estudioso
da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado em 09/03/2012, no Jornal Correio de Lins
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