domingo, 21 de outubro de 2018

E a vida continua


No livro E a vida Continua, André Luiz prossegue em seus relatos de observação, estudo e trabalho na Espiritualidade.
Ao apresentá-lo em sua nova empreitada Emmanuel assim se expressa: “Conquanto as personagens da história aqui relacionadas – todas elas figuras autênticas, cujos nomes foram naturalmente modificados para não ferir corações amigos na Terra – tenham tido, como já dissemos, experiências muito diversas daquelas que caracterizam as trilhas do próprio André Luiz, em seus primeiros tempos na Espiritualidade, é justo considerar que os graus de conhecimento e responsabilidade variam ao infinito.”
Evelina Serpa e Ernesto Fantini, encontram-se em uma estância de águas medicinais, Poços de Caldas e, por aparente acaso, ficam sabendo que estão com a mesma doença renal e em breve deverão se submeter a delicada e perigosa cirurgia.
Aos poucos, do diálogo sobre a doença, diagnóstico, terminologia cientifica da mesma, a troca de informações e o partilhamento de ideias e dores vai unindo cada vez mais, sob o aspecto espiritual, aquelas duas almas que não haviam encontrado parceiros afins com seus sentimentos e emoções.
“A mirada recíproca lhes fazia observar que haviam caminhado, a passos compridos, para a intimidade profunda.
Onde vira antes aquela jovem que a beleza e o raciocínio tanto favoreciam? – pensava Ernesto atordoado.
Em que lugar teria encontrado alguma vez aquele cavalheiro maduro e inteligente que tão bem conjugava simpatia e compreensão? – Refletia a senhora Serpa, incapaz de esconder o agradável assombro que a dominava”.
Chega o momento da partida e ambos já com o destino marcado para a cirurgia.
“- Bem senhor Fantini, se houver outra vida, além desta, e se for vontade de Deus que venhamos a sofrer, em breve, a grande mudança, creio que nos veremos de novo e seremos lá bons amigos...”
Mentalmente “procuremos enxergar” o reencontro.
“Evelina despertou num quarto espaçoso, com duas janelas deixando ver o céu.
Energia de um sono profundo, pensou.”
Sim era muito mais que um sono profundo...
Passam os primeiros instantes. Subitamente sente-se como estivesse em um agradável balneário. Ao derredor pessoas simpáticas e amigas, porém que ela não conhecia.
Evelina interrogava-se, quanto ao melhor processo de estabelecer contato com alguém, quando viu um homem, não longe, que a fitava, evidentemente assombrado. Oh! Não era aquele cavalheiro, exatamente Ernesto Fantini, o improvisado amigo das termas?
O coração bateu-lhe agitado e estendeu, na direção dele, os dois braços, dando-lhe a certeza de que o aguardava, de alma aberta.
Fantini, pois era ele mesmo, ergueu-se da poltrona em que se guardava e avançou para ela a passos rápidos.
- Evelina!... Dona Evelina!... Estarei realmente vendo a senhora?
- Eu mesma! – respondeu a moça, chorando de alegria.
O recém-chegado não foi estranho à emotividade daquele minuto inesquecível. Lágrimas lhe rolaram no rosto simpático e sisudo, lágrimas que ele buscava enxugar, embarcado, procurando sorrir.”
Trocam impressões sobre os novos momentos que estão vivendo após a cirurgia, as situações estranhas que estão acontecendo.
Estariam “mortos”? Mas estavam vivos!
De início julgam estar em um hospital especializado para restabelecimento, mas os fatos vão se sobrepondo até descobrirem que a vida continua, mesmo depois da morte.
Duas almas afins se reencontram. Após a morte a vida continua... e o amor também, principalmente do amor cujas raízes se prendem no solo do tempo distante.
Mesmo nesse plano espiritual passam por provas. Aprendem a trabalhar para o bem do semelhante sob a tutela e orientação do irmão Cláudio e Instrutor Ribas.
Socorrem familiares em tramas de desequilíbrio e sofrimento.
Finalmente: “A casa festejava os dois obreiro que haviam sabido vencer com devotamente a humildade os tropeços iniciais do levantamento de bem-aventurado futuro!
Rodeado de assessores, Ribas saudou-os no limiar e, tomando-os nos braços, como filhos queridos, ergueu os olhos para o Alto e rogou, comovidamente.
- Senhor Jesus, abençoa os teus servos que se consagram hoje um ao outro em sublime união”...
  
Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 25/05/2012, no Jornal Correio de Lins


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