Certo dia, quando eu voltava do trabalho, já ao cair da noite, passava
pelo calçadão quase deserto, quando vi uma adolescente com uma mochila nas
costas, agasalho tipo jaqueta, como estas estudantes em dia de viagem. Estava a
falar no telefone público, e pelo tom alto de sua voz, dava a entender que era
interurbano. Então pude ouvir a seguinte frase: Cadê o pai? Cadê o pai? Esta
frase tão comum que ouvimos quase que diariamente em nosso próprio lar,
partindo daquela jovem, naquele momento em que provavelmente se encontrava
longe de casa e talvez dependendo de uma orientação qualquer e às vezes até de
recursos financeiros do pai para se conduzir dali em diante, levou-me a
refletir sobre a importância da responsabilidade e influência dos pais na
formação moral, intelectual e religiosa de seus filhos.
Sabemos das dificuldades e insegurança dos jovens e também da
preocupação dos pais quando se tem que estudar e morar fora de casa, por exemplo,
situação em que ficam sem aquele contato mais direto com a família, quando não
se pode acompanhar mais de perto suas atividades no meio social em que passarão
a conviver. Sabemos também, que cada filho é um espírito diferente, com uma
rota diferente no caminho da evolução, com suas virtudes e seus pontos vulneráveis
diferentes uns dos outros, com divergências no comportamento, nas necessidades afetivas,
no grau de compreensão, no temperamento emocional, na inteligência, etc. Isso
nos faz sentir a necessidade de olharmos para nossos filhos de maneira carinhosa,
procurando identificar em cada um deles as suas necessidades, tanto na parte
material como espiritual, e assim procurarmos orientá-los da maneira que
acharmos a mais correta, e principalmente pelo exemplo que lhes passamos
através de nossos procedimentos, nossas atitudes, nossas palavras ou nosso
comportamento social.
Devemos enquanto são crianças plantar em seus corações a sementinha da
fé religiosa, do amor ao próximo, alertá-los para a necessidade da prece, do
amparo aos mais necessitados através dos variados caminhos da caridade, para
que no futuro, quando já se sentirem donos de si mesmos, estas sementinhas
possam germinar como no terreno fértil previamente preparado pelo agricultor.
Só assim encontrarão a assistência de que precisam para manterem o equilíbrio
em seus momentos de dificuldades tão frequentes em nosso dia-a-dia.
Os ensinamentos espíritas nos dizem que nos primeiros anos de vida de
nossos filhos está a grande oportunidade que temos para edificar a plataforma
na qual se sustentarão durante toda sua vida.
Ao chegar em casa, encontrei na sala, meu filho que assistia a um
programa de esportes na televisão, e que me recebeu sorridente, dizendo: Olá
paizão! Está com cara de preocupação ou de cansaço do trabalho? Então, sorrindo
eu lhe respondi: Nada disso filho, na verdade, estou muito contente e
agradecido a Deus, por ter vocês e o meu trabalho.
Nelson Nascimento
e-mail: nelson.nascimento1@yahoo.com.br
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