Na igreja, três
velas conversavam. Disse a primeira: – Sou a Paz. Estou cansada. As pessoas não
se empenham por manter-me acesa. Vivem tensas e nervosas. Negam-me o oxigênio
da reflexão.
Disse
a segunda: – Sou a Fé. Infelizmente, sou supérflua para as pessoas. Não estão
interessadas em dar um sentido religioso à existência. Negam-me o oxigênio da
espiritualidade.
Disse
a terceira: – Eu sou o Amor! As pessoas ignoram-me porque só conseguem pensar
nelas mesmas. Não enxergam nem mesmo quem está ao seu lado. Negam-me o oxigênio
da solidariedade.
Em
breves instantes, a luz que havia nelas bruxuleou e morreu, fazendo-se a
escuridão na igreja. Nesse instante entrou um menino trazendo uma vela acesa,
chama forte e firme. Com ela reacendeu as três, que voltaram a refulgir. E
disse-lhes: – Fiquem tranquilas. Sempre virei reanimá-las.
Esta
singela história reporta-se às quatro bases que sustentam nosso equilíbrio e
nos proporcionam condições para vivermos felizes. As três primeiras, como já
enunciei, amigo leitor, são a Paz, a Fé e o Amor.
A
Paz é o tempero da felicidade. Impossível viver feliz sem ela. Mesmo que
tenhamos a satisfação de todos os nossos desejos, se não tivermos Paz, nada
disso terá sentido. Em face de nossas limitações e fraquezas, é difícil
sustentar a Paz diante das atribulações humanas. Conseguimos por algum tempo,
mas a chama logo bruxuleia e surgem tensões, angústia, depressão…
A
Fé é nossa defesa diante da adversidade. É complicado enfrentar os embates da
vida sem a certeza da existência de um Poder Supremo que nos criou, que nos
sustenta, que nos conduz. O problema é que a Fé situa-se por suave perfume para
as horas floridas. Se surgem espinhos no jardim da existência, ela logo
arrefece. Pretendemos que Deus atenda às nossas expectativas, mas raramente
correspondemos às expectativas de Deus. Não entendemos as respostas do Céu às
nossas rogativas e achamos que Deus nos abandonou. Ledo engano! Deus nunca nos
abandona! A todos estende mão complacente, mas será que estamos estendendo as
mãos para o Senhor?
O Amor é a Lei Maior do Universo. Exprime-se como um exercício de
solidariedade, que inspira a derrubada das barreiras de nacionalidade, raça e
crença, para que sejamos na Terra uma grande família, feliz e ajustada. Amar,
portanto, em sua expressão maior – trabalhar pelo próximo – é o alento da vida.
Haverá tônico mais poderoso, a sustentar-nos o bom ânimo, do que as boas ações,
quando nos vinculamos ao serviço do Bem, empenhados em servir? Haverá alegria
que se compare a que sentimos quando visitamos o enfermo, atendemos o
necessitado, harmonizamos a família? Isso tudo é Amor!
O problema é
que as pessoas ainda não entendem o que é amar. Pensam que amar é sufocar o ser
amado com exigências, sustentar o desejo de comunhão sexual, edificar um céu
particular de egoísmo a dois. Falso amor esse, que não se sustenta, que se
desgasta com a convivência, a rotina, os desentendimentos, gerando frustrações
e angústias.
Percebe-se
que a Paz, tempero da felicidade, a Fé, armadura da alma, e o Amor, sustento da
Vida, não estão consolidados em nossa alma. São frágeis chamas que se apagam
facilmente, ao vento das paixões, dos vícios, dos interesses imediatistas, dos
dissabores…
Por isso é
tão importante o mês de dezembro, em que somos visitados por celeste menino que
traz uma vela muito especial, de chama poderosa. Com ela reacende as demais
para que a Paz, a Fé e o Amor renasçam em nós.
O nome do menino,
todos sabemos: Jesus. A vela sublime, maravilhosa, é a Esperança. É por isso que nas comemorações do Natal nos sentimos mais tranquilos,
mais inclinados à atividade religiosa, mais sensíveis aos apelos da
solidariedade, convictos de que podemos construir um futuro melhor.
O grande
desafio que o Natal nos propõe é o de luta ingente contra nossas imperfeições
para que a Paz, a Fé e o Amor deixem de ser meras esperanças, a cada Natal, convertendo-se
em chamas perenes a iluminar e aquecer a nós e àqueles que nos rodeiam. Então
os Sinos de Belém repicarão na festa maior.
O nascimento
de Jesus em nossos corações.
Richard Simonetti
e-mail: richardsimonetti@uol.com.br
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