Jesus dirige-se ao monte, atende a multidão e faz uma
das mais belas exposições, que se tem notícia, sobre a verdade, a justiça e o
amor.
Cada frase tem um sentido profundo e esclarecedor de
como viver, no dia a dia, e permanentemente, aqueles valores éticos
fundamentais.
Cada frase merece uma reflexão.
Hoje, tomaremos aquela que vem citada no capítulo 5,
versículo 4 do Evangelho de Mateus: “Bem aventurados os que são brandos, porque
possuirão a terra”.
O planeta Terra, ou melhor, a humanidade do planeta
Terra está precisando de brandura e misericórdia no relacionamento individual e
coletivo.
Essas reflexões me remeteram a uma parábola que li
recentemente:
“Num pequeno país da Europa, havia um rei que vivia
bastante preocupado com a maneira como governar seu povo. Certo dia, pediu
orientação a um conselheiro:
- Caro conselheiro, devo ser severo aos meus súditos
para que mantenham sempre o respeito e nunca pensem em se rebelar contra mim,
ou devo ser amoroso fazendo-lhes as vontades para que tenham grande carinho? Ajude-me.
O conselheiro meditou por alguns instantes e logo se
pronunciou:
- Qual o objeto que vossa majestade mais aprecia?
Mesmo sem entender direito aonde o conselheiro queria
chegar, o rei respondeu:
- O que mais amo são dois vasos chineses muito
valiosos.
- Traga-os aqui, então.
Ainda sem compreender, o rei atendeu ao pedido e mandou
trazer os dois vasos. Vendo-os, o conselheiro disse:
- Tragam um pouco de água fervendo e um pouco de água
gelada. Coloquem a água gelada em um vaso e a fervendo em outro.
Prevendo o que iria acontecer, o rei interveio
rapidamente:
- Louco! Não percebe que os vasos vão se partir?
- Exatamente, - respondeu o conselheiro.
- Assim será com o reino.
Se agir com severidade excessiva ou com grande
benevolência, não será um bom rei. Vossa majestade precisa saber dosar os dois,
para exercer sempre uma autoridade saudável” (1)
A parábola ilustra, com propriedade, a necessidade do
equilíbrio entre a severidade e a brandura.
Qualquer uma em demasia, como a água gelada ou a água
fervente, racha o precioso vaso da convivência no pequeno grupo ou na
sociedade.
Muitos conflitos familiares, que solapam as bases da
família têm a sua origem na severidade excessiva ou na brandura irresponsável e
indisciplinada.
Allan Kardec, analisando a aludida afirmação de Jesus,
pondera: “Por esta máxima, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude,
da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência,
a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus
semelhantes”. (2)
Vamos responder, para nós mesmos, ou com outras
pessoas, se lermos este texto junto com elas?
- Como deverei dosar a minha severidade e a minha
brandura?
- Estou trincando os vasos da convivência com a água
gelada ou com a água fervente?
- Como eu gostaria de ser tratado (a) no lar? Como estou tratando meus familiares?
- Como eu gostaria de ser
tratado (a) no ambiente de trabalho? Como estou tratando meus colegas de
trabalho?
- O que eu posso fazer de
concreto para mudar minhas atitudes agressivas e agir com equilíbrio?
Bibliografia:
(1) – Parábolas de
Liderança, Darlei Zanon, págs. 39 e 40, Ed. Paulus.
(2) – O Evangelho
Segundo o Espiritismo, Ed. FEB, págs. 161 e 162.
Aylton Paiva é estudioso
da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado em 30/03/2012, no
Jornal Correio de Lins
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