domingo, 15 de julho de 2018

Bem aventurado os brandos


Jesus dirige-se ao monte, atende a multidão e faz uma das mais belas exposições, que se tem notícia, sobre a verdade, a justiça e o amor.
Cada frase tem um sentido profundo e esclarecedor de como viver, no dia a dia, e permanentemente, aqueles valores éticos fundamentais.
Cada frase merece uma reflexão.
Hoje, tomaremos aquela que vem citada no capítulo 5, versículo 4 do Evangelho de Mateus: “Bem aventurados os que são brandos, porque possuirão a terra”.
O planeta Terra, ou melhor, a humanidade do planeta Terra está precisando de brandura e misericórdia no relacionamento individual e coletivo.
Essas reflexões me remeteram a uma parábola que li recentemente:
“Num pequeno país da Europa, havia um rei que vivia bastante preocupado com a maneira como governar seu povo. Certo dia, pediu orientação a um conselheiro:
- Caro conselheiro, devo ser severo aos meus súditos para que mantenham sempre o respeito e nunca pensem em se rebelar contra mim, ou devo ser amoroso fazendo-lhes as vontades para que tenham grande carinho? Ajude-me.
O conselheiro meditou por alguns instantes e logo se pronunciou:
- Qual o objeto que vossa majestade mais aprecia?
Mesmo sem entender direito aonde o conselheiro queria chegar, o rei respondeu:
- O que mais amo são dois vasos chineses muito valiosos.
- Traga-os aqui, então.
Ainda sem compreender, o rei atendeu ao pedido e mandou trazer os dois vasos. Vendo-os, o conselheiro disse:
- Tragam um pouco de água fervendo e um pouco de água gelada. Coloquem a água gelada em um vaso e a fervendo em outro.
Prevendo o que iria acontecer, o rei interveio rapidamente:
- Louco! Não percebe que os vasos vão se partir?
- Exatamente, - respondeu o conselheiro.
- Assim será com o reino.
Se agir com severidade excessiva ou com grande benevolência, não será um bom rei. Vossa majestade precisa saber dosar os dois, para exercer sempre uma autoridade saudável” (1)
A parábola ilustra, com propriedade, a necessidade do equilíbrio entre a severidade e a brandura.
Qualquer uma em demasia, como a água gelada ou a água fervente, racha o precioso vaso da convivência no pequeno grupo ou na sociedade.
Muitos conflitos familiares, que solapam as bases da família têm a sua origem na severidade excessiva ou na brandura irresponsável e indisciplinada.
Allan Kardec, analisando a aludida afirmação de Jesus, pondera: “Por esta máxima, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes”. (2)
Vamos responder, para nós mesmos, ou com outras pessoas, se lermos este texto junto com elas?
- Como deverei dosar a minha severidade e a minha brandura?
- Estou trincando os vasos da convivência com a água gelada ou com a água fervente?
- Como eu gostaria de ser tratado (a) no lar? Como estou tratando meus familiares?
- Como eu gostaria de ser tratado (a) no ambiente de trabalho? Como estou tratando meus colegas de trabalho?
- O que eu posso fazer de concreto para mudar minhas atitudes agressivas e agir com equilíbrio?

Bibliografia:
(1) – Parábolas de Liderança, Darlei Zanon, págs. 39 e 40, Ed. Paulus.

(2) – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. FEB, págs. 161 e 162.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 30/03/2012, no Jornal Correio de Lins

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