domingo, 13 de maio de 2018

A imprudência e a cólera


Seguiam os carros em fila indiana. Na minha frente, antes do cruzamento das ruas, um carro.
Seguiamos. A preferencial era nossa.
Subitamente outro carro, sem respeitar a sinalização de solo: PARE, avançou.
O condutor do automóvel, na minha frente, freou bruscamente e imediatamente buzinou, colocou o braço para fora, através da janela, e, por sua expressão, e a forma como articulava as palavras, tenho certeza de que ele não estava agradecendo o imprudente.
Mais adiante, com toda a segurança, ao ultrapassá-lo, rapidamente, percebi que sua fisionomia ainda estava tensa com a forte emoção da cólera estampada.
É evidente que a imprudência do motorista que cortou a sua frente foi de molde a produzir grande susto e forte indignação, todavia é sempre preciso ter cautela para não deixar os sentimentos e emoções assim gerados tomarem conta da nossa racionalidade de seres humanos.
Muitos são os episódios relatados no noticiário policial que culminam com atritos físicos e até mesmo com o homicídio.
Encontramos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, na reflexão sobre: “Bem aventurados os pacíficos ...” – Jesus, no Capítulo IX, item 9, parágrafo segundo: “Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo perder o sangue frio e a razão.
Pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. Que é o que vos faz repelir coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o orgulho ferido por uma contradição?
Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.”
E mais adiante complementa: “Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vitima. Mas, outra consideração, sobretudo, deverá contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama?
E que pesar mortal, se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida!
Da reflexão desse texto concluímos a importância de aprender a controlar nossas emoções e sentimentos para não avançarmos indevidamente os sinais da vida e provocarmos graves acidentes de sérias consequências para nós e para aqueles com quem convivemos.
Como, necessariamente, precisamos aprender a controlar o carro e as regras de trânsito, também necessitamos aprender a conduzir o maravilhoso veículo de nossa manifestação na vida material – o corpo físico e, ainda, as regras de bem nos conduzir, mesmo diante de obstáculos.
Continuamos a nossa viagem.
Mais adiante, o motorista imprudente estava com o carro estacionado. Ao lado dele o policial lavrando o auto de infração. Para aproveitar os “segundinhos” atravessara o sinal vermelho.
Felizmente nada de grave. Somente a multa educativa: pontos na carteira e um valor a ser pago.
Porém quantas desgraças em consequência de atos como o dele: acidentes, ferimentos, limitações para o resto da vida e mortes.
O outro motorista, assustado e encolerizado, aos poucos foi se acalmando. Chegando em casa tomou um copo d’água para tranquilizar mais.
Felizmente não teve enfarto, nem AVC. Alguns têm!
E eu ... procurando aprender a lição protagonizada pelos dois.
Vivendo e aprendendo!

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 16/03/2012, no Jornal Correio de Lins

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