“Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda,
diríeis a esta montanha: Transporta-te dai para ali e ela se transportaria”.
Mateus, 17, v. 20. (1)
Obviamente essas palavras de Jesus deveriam ser
entendidas, à sua época, como uma figura literária para reforçar a necessidade
da convicção e da determinação, no entanto, ao longo dos anos e dos séculos, o
homem teve fé de que poderia transportar a montanha daqui para ali. É o que vemos,
nos dias atuais, o homem através das grandes máquinas e tratores “leva” a
montanha daqui para acolá.
Tal a “fé” que individual e coletivamente é preciso ter
para construir o mundo melhor, a partir de nós mesmos.
Contudo, cabe-nos, aqui especialmente a compreensão e a
aplicação da fé em nossa vida pessoal.
Alerta-nos, pois Allan Kardec: “A fé sincera e
verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo
seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza
de chegar ao objetivo visado”. (2)
Por vivermos em um mundo ainda de tribulações, dores e
dificuldades é preciso ter fé para superar esses obstáculos.
Leiamos, por conseguinte, as sábias e experientes
palavras do Mentor Espiritual Emmanuel. E diz ele assim:
“Em matéria de fé não te esqueças do esforço na
realização que te propões a alcançar.
O lavrador confia na colheita, mas, para isso, não
menospreza o próprio suor no arado laborioso, permanecendo em atenciosa
vigília, desde os problemas da sementeira às equações do celeiro.
O arquiteto conta materializar a construção que lhe
nasce do gênio criativo, porém, para atingi-la, vela pela segurança da obra, desde
a base ao teto, consciente de que insignificante erro de cálculo lhe
comprometeria o serviço integral.
O professor conhece os méritos da escola, mas não ignora
a necessidade da própria renúncia na formação cultural do discípulo,
permanecendo na tarefa assistencial, em favor dele, desde o alfabeto ao título
de competência.
O operário espera o vencimento mensal que lhe assegura
a subsistência, no entanto, sabe que não pode relaxar os próprios deveres, a
fim de que a supervisão do trabalho não o exonere ou prejudique.
Fé que apenas brilhe na palavra vazia ou fé parasitária
que somente se equilibra pela influência alheia, nutrindo-se-tão-somente de promessas
brilhantes e relegando a outrem as obrigações que a vida lhe assinala, serão
sempre atitudes superficiais daqueles que se infantilizam à frente das
responsabilidades que o Senhor confere a cada um de nós.
Aceitemos o imperativo de nossa própria renovação com o
Cristo, se realmente buscamos um clima de elevação à própria existência.
Tracemos nosso ideal superior, utilizando nossas
melhores esperanças, todavia, não nos esqueçamos de transpirar no esforço
próprio, doando nossas forças na edificação que pretendemos buscar, porque a fé
em si constitui dinamismo atuante de nossas energias, condicionados à forma e à
natureza de nossas orações ou de nossos desejos, impondo-nos, inevitavelmente,
o resultado das ações que nos são próprias, seja na luz redentora do bem ou na
treva escravizante do mal.” (3)
Essas lúcidas considerações de Emmanuel revelam com
toda clareza a necessidade de se aliar à fé impulso da vontade, esclarecido
pela razão com a ação na realização de nossos propósitos.
Na vivência da fé, é indiscutível que precisamos buscar
Deus, porém, não na condição de eternos pedintes e suplicantes contumazes. Imprescindível
ligarmo-nos ao Pai Supremo espiritualmente e senti-lo na condição de filhos a
quem Ele propiciou o bem supremo: a Vida!
Bibliografia:
(1) – O Novo Testamento;
(2) – O Evangelho
Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 3, §2º, Allan Kardec, Ed. FEB;
(3) – Fé, Paz e Amor, págs. 17 a 20,
Emmanuel/F. C. Xavier, Ed. GEEM.
Aylton Paiva é estudioso
da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).
Obs.: Artigo publicado em 27/04/2012, no
Jornal Correio de Lins
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