domingo, 12 de agosto de 2018

Efeito da fé


“Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te dai para ali e ela se transportaria”. Mateus, 17, v. 20. (1)
Obviamente essas palavras de Jesus deveriam ser entendidas, à sua época, como uma figura literária para reforçar a necessidade da convicção e da determinação, no entanto, ao longo dos anos e dos séculos, o homem teve fé de que poderia transportar a montanha daqui para ali. É o que vemos, nos dias atuais, o homem através das grandes máquinas e tratores “leva” a montanha daqui para acolá.
Tal a “fé” que individual e coletivamente é preciso ter para construir o mundo melhor, a partir de nós mesmos.
Contudo, cabe-nos, aqui especialmente a compreensão e a aplicação da fé em nossa vida pessoal.
Alerta-nos, pois Allan Kardec: “A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado”. (2)
Por vivermos em um mundo ainda de tribulações, dores e dificuldades é preciso ter fé para superar esses obstáculos.
Leiamos, por conseguinte, as sábias e experientes palavras do Mentor Espiritual Emmanuel. E diz ele assim:
“Em matéria de fé não te esqueças do esforço na realização que te propões a alcançar.
O lavrador confia na colheita, mas, para isso, não menospreza o próprio suor no arado laborioso, permanecendo em atenciosa vigília, desde os problemas da sementeira às equações do celeiro.
O arquiteto conta materializar a construção que lhe nasce do gênio criativo, porém, para atingi-la, vela pela segurança da obra, desde a base ao teto, consciente de que insignificante erro de cálculo lhe comprometeria o serviço integral.
O professor conhece os méritos da escola, mas não ignora a necessidade da própria renúncia na formação cultural do discípulo, permanecendo na tarefa assistencial, em favor dele, desde o alfabeto ao título de competência.
O operário espera o vencimento mensal que lhe assegura a subsistência, no entanto, sabe que não pode relaxar os próprios deveres, a fim de que a supervisão do trabalho não o exonere ou prejudique.
Fé que apenas brilhe na palavra vazia ou fé parasitária que somente se equilibra pela influência alheia, nutrindo-se-tão-somente de promessas brilhantes e relegando a outrem as obrigações que a vida lhe assinala, serão sempre atitudes superficiais daqueles que se infantilizam à frente das responsabilidades que o Senhor confere a cada um de nós.
Aceitemos o imperativo de nossa própria renovação com o Cristo, se realmente buscamos um clima de elevação à própria existência.
Tracemos nosso ideal superior, utilizando nossas melhores esperanças, todavia, não nos esqueçamos de transpirar no esforço próprio, doando nossas forças na edificação que pretendemos buscar, porque a fé em si constitui dinamismo atuante de nossas energias, condicionados à forma e à natureza de nossas orações ou de nossos desejos, impondo-nos, inevitavelmente, o resultado das ações que nos são próprias, seja na luz redentora do bem ou na treva escravizante do mal.” (3)
Essas lúcidas considerações de Emmanuel revelam com toda clareza a necessidade de se aliar à fé impulso da vontade, esclarecido pela razão com a ação na realização de nossos propósitos.
Na vivência da fé, é indiscutível que precisamos buscar Deus, porém, não na condição de eternos pedintes e suplicantes contumazes. Imprescindível ligarmo-nos ao Pai Supremo espiritualmente e senti-lo na condição de filhos a quem Ele propiciou o bem supremo: a Vida!

Bibliografia:
(1) – O Novo Testamento;

(2) – O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 3, §2º, Allan Kardec, Ed. FEB;

(3) – Fé, Paz e Amor, págs. 17 a 20, Emmanuel/F. C. Xavier, Ed. GEEM.

Aylton Paiva é estudioso da Doutrina Espírita para sua aplicação na pessoa e na sociedade (www.ayltonpaiva.blogspot.com).

Obs.: Artigo publicado em 27/04/2012, no Jornal Correio de Lins

Nenhum comentário:

Postar um comentário