domingo, 26 de agosto de 2018

O retrato


(Reflexão)
O antigo retrato estava ali, exposto para a apreciação dos visitantes. Trazia lembranças dos tempos de criança, onde mostrava mais uma vez todos os componentes de uma mesma família reunidos. E lá estava o meu amigo, nos seus poucos anos de idade, posando graciosamente entre seus irmãos. A vida começava indefinida para todos, pois assim é que acontece com os seres humanos: caminhos incertos, futuro indefinido, destino a ser construído, o caráter a ser burilado através dos tropeços e vitórias que fazem parte das experiências terrenas.
A reflexão nos leva a pensar na influência direta e natural exercida nas crianças, pelo comportamento dos responsáveis pela sua formação moral, intelectual, e até religiosa, melhorando ou deteriorando o caráter e a personalidade de seus tutelados. As gerações se sucedem renovando comportamentos, conceitos morais, e quebrando tabus. Hoje, na necessidade que temos de analisarmos os acontecimentos atuais em relação ao comportamento social, vemos as novas gerações não só galgando os degraus do sucesso e do brilhantismo em áreas importantes como da ciência, da tecnologia, etc.; Também, por outro lado podemos observar o caos social traduzido (parcialmente) pela exploração de menores, pela corrupção, pelo tráfego de seres humanos, pela violência e vícios que crescem a cada dia, pelo trabalho escravo que ainda existe... E até vemos crianças trocando fraldas nos seus próprios filhos. Todas essas aflições a refletir na face de muitos adolescentes e adultos que não tiveram a oportunidade de poder contar com uma orientação sadia e moralizada, e muitos tendo sido criados sem ter o mínimo de afetividade da parte daqueles que deveriam ser seus educadores, e que por sua vez também não as tiveram... Ou não as assimilaram; (Sem generalizar); Também outros por já trazerem de outras vidas o caráter torturado por viciações, abusos, e imoralidades ainda não erradicadas da consciência. Por esses e outros motivos, hoje fazem parte deste lado triste do retrato da sociedade. Sabemos que ninguém pode ensinar a alguém aquilo que não aprendeu, e que estamos habitando um planeta de provações e expiações, e assim sendo, precisamos entender que para a depuração, a alma humana necessita passar por processos regenerativos cujas necessidades de burilamento encontram-se registradas na bagagem transportada pela consciência individual ao longo da jornada evolutiva de cada um. Portanto, não estamos em condições de julgar acontecimentos que se encontram sob os desígnios do criador, mas sim, de aprender com as observações das experiências vividas pelos semelhantes que jornadeiam conosco e com nossas próprias vivências.
A meu ver, a sociedade terá que absorver o lixo moral que ela própria gerar, através de sacrifícios e sofrimentos de seus próprios participantes assim como a natureza absorve ao longo dos anos os detritos industriais, até encontrar as soluções adequadas.
O tempo nos dirá quando será a próxima parada do carrossel das gerações para restauração dos maus conceitos assimilados ao longo dos milênios... Mas uma coisa a Doutrina Espírita nos esclarece: Que de acordo com a lei Natural de Ação e Reação, que rege todos os elementos que compõem o universo, agindo como mecanismo da evolução espiritual, “Não há efeito sem causa”. Sempre que a causa é fundamentada no bem, o efeito é bom; no entanto, se fundamentada no mal, o efeito é maléfico, levando-se em conta que “o bem é essência do Criador e o mal é essência da criatura” (LE-Q.1009); Portanto, só Deus sabe as conseqüências boas ou más que haverá de ter o atual comportamento social.

Nelson Nascimento
Email: nelson.nascimento1@yahoo.com.br
Lins-SP

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